quinta-feira, 21 de março de 2013

Mediunidade - Psicografia e Pneumatografia


Os tempos são antigos, longínquos na história. O Homem, ainda migrava nos seus primeiros passos civilizacionais no ano de 1.900 A.C.. Em plena Babilónia, actualmente terras do povo Iraquiano, o rei Baltazar presenteava os seus nobres e amigos, com uma festa grandiosa e sumptuosa, muito farta de tudo o que de melhor havia na época. Na excitação dos momentos de luxúria e prazeres mundanos, o rei Baltazar mandou trazer luxuosos vasos de ouro e prata, arrebatados da cidade de Jerusalém, para que os seus convidados se pudessem servir a belo prazer no desfrutar do repasto, bebendo bom vinho nesses cálices. O momento era de festa e alegria.
A certo momento, umas formas similares a mãos humanas, começaram a escrever palavras estranhas, numa parede ao fundo da sala. Foi grande o espanto dos presentes, alguns deles muito aterrorizados com o fenómeno sobrenatural que ali acontecera, também o rei Baltazar ficou pálido e aterrorizado.
As palavras escritas na parede foram: MENÊ, TEQUEL e PERÊS.

Sendo as palavras estranhas a todos os presentes, mandou o rei Baltasar que estas fossem rapidamente traduzidas pelos sábios do reino. Então, o sábio e profeta Daniel, que também era médium, fez a tradução, dando ao rei o significado do que fora escrito naquela parede.

E eis o que fora escrito:

“Deus, contou os anos do teu reinado e nele pôs um fim. Foste pesado na balança e considerado em falta. O teu reino vai ser dividido e entregue aos Medos e aos Persas”

Nessa mesma noite, o rei Baltazar, foi assassinado por Dário, rei dos Medos e dos Persas.

Esta passagem retirada dos textos sagrados, nomeadamente, do Antigo Testamento, relata um momento particular onde a mediunidade manifestada através da escrita, é detalhada com algum detalhe e pormenor.
Não se julgue que os fenómenos mediúnicos são algo recente, muito pelo contrário, encontram-se diversos escritos com milhares de anos em várias culturas e civilizações.


Numa palestra anterior, falei-vos de uma forma geral sobre a mediunidade. Hoje o tema, é uma abordagem pelo mundo da mediunidade psicográfica e pneumatográfica, que passarei a explicar.

A pneumatografia, é uma palavra que no grego encontra o seu significado de espirito escrevente. É um tipo de fenómeno mediúnico em que não existe, no processo de escrita, nenhuma intervenção directa de um médium. Allan Kardec, designou-o como Escrita Directa. A manifestação da escrita, faz-se directamente pelo espírito desencarnado sem recurso a um ser humano, mas atenção, é preciso deixar claro que não é possível acontecer tal fenómeno sem que na sala esteja um ou mais médiuns que doem os seus fluídos animalizados ou ectoplasma para que tal processo possa ocorrer. Diga-se desde já, que este não é um processo simples, nem recorrente (isto é, que acontece muitas vezes).

Sobre a mediunidade psicográfica, a palavra psicografia, deriva do grego e significa a escrita da alma. No fundo trata-se de uma faculdade atribuída aos médiuns cuja capacidade se manifesta na escrita ditada por espíritos.
Allan Kardec, classificou a psicografia como um tipo de manifestação inteligente, por se constituir num tipo de comunicação discursiva escrita de uma entidade sobrenatural ou espírito, sendo esta realizada por intermédio de um Homem encarnado.

Tanto a mediunidade psicográfica, como a pneumatográfica, são manifestações mediúnicas inteligentes, em que a génese das mensagens transmitidas, não é da criação ou responsabilidade do ser humano encarnado, sendo este ultimo somente uma “ferramenta” muito útil ao espírito comunicante e capacitando-o a poder expressar-se ao mundo dos encarnados.

Recapitulando, a escrita mediúnica directa designa-se como Psicografia e a indirecta designa-se como pneumatografia.

Relativamente à escrita psicografada, temos um dos maiores exemplos na história moderna, que foi Francisco Cândido Xavier.

Chico xavier, como é mais conhecido, foi responsável pela psicografia de 458 livros e 10 mil cartas. Ele só estudou até a um género de 4ª classe no Brasil. Nascido e criado em origens humildes, Chico começou a manifestar sinais claros de mediunidade a partir dos seus 4 anos de idade, quando respondeu ao pai sobre um tema de ciências e dizia, já naquela época, que via e ouvia espíritos, conversando até com eles.

A vida de Chico foi tudo menos fácil e simples, sobretudo desde que a sua mãe falecera quando ele tinha apenas 5 anos de idade.
Em 1927, já com 17 anos, Chico recebeu uma mensagem da sua mãe, dizendo-lhe para se dedicar à leitura da Codificação Espírita escrita no século XVIX por Allan Kardec. Em Julho desse ano, psicografou 17 páginas, mas segundo ele próprio, só a partir de 1931 é que consegui aperfeiçoar condignamente a técnica da psicografia e foi nesse ano, o momento do encontro em que finalmente conheceu o seu mentor espiritual, o espírito Emmanuel. Nesse dia, Emmanuel, diz-lhe que teria como missão psicografar uma série de cerca de 30 livros, mas que para isso teria de atender a 3 condições fundamentais, que seriam: Disciplina, disciplina e disciplina.
Assim começou a grande odisseia das mensagens do além-túmulo trazidas até ao nosso conhecimento através de um homem simples e humilde, cuja única preocupação foi trazer paz de espírito ao mundo, dizendo-nos claramente que a vida continua e que nunca nada fica por acabar nesta nossa longa caminhada evolutiva. Tudo tem um princípio, mas não um fim.
Chico Xavier, desencarnou em Junho de 2002 já com 92 anos de idade. Ao seu funeral compareceram mais de 120.00 pessoas para lhe dar o último adeus terreno.

A história de vida deste homem é notável e merece elevado respeito. Não digo isto no sentido de menorizar ou desprezar as histórias de vida de cada um de nós, mas sem dúvida que não podemos ignorar que somos muitos, somos muitos daqueles que resumem a sua vida olhando continuamente para o seu umbigo, deixando de lado o trabalho duro e difícil de amar o próximo, ajudando-o no seu caminho de vida. Somos muitos aqueles que não são capazes de olhar a sua vida com outros olhos que não os materiais… não somos capazes de olhar um pouco mais longe.
Para mim, não existem propriamente santos ou outro tipo de pessoas relegadas a atributos divinos. Somos todos iguais, mas existem uns que são mais iguais do que os outros. Existem aqueles que amam o próximo sem esperar nada deles… Assim foi Chico Xavier.

Voltando à psicografia e pneumatografia, são sem dúvida grandes e magníficos fenómenos de mediunidade, mas que nem sempre são bem compreendidos, tal como nada o é, quando o espírito humano não possui conhecimento e educação moral. Por isso muitas vezes, estes processos, são vistos como fraudes ou até frutos de uma imaginação demasiado elaborada e complexa. 

Em termos de mediunidade psicográfica, existem 4 tipos de médiuns:

Mecânico: o médium escrevente é completamente passivo, sendo o espírito que actua directamente na mão do médium

Semi-mecânico: o médium sente o impulso na sua mão e tem consciência do que escreve

Intuitivo: o médium serve de intérprete do espírito, para isso precisa de o compreender. Os pensamentos mão são dele, somente passam pelo seu cérebro.

Inspirado: o médium recebe mensagens em estado de êxtase, mensagens estranhas às suas ideias e de forma espontânea.

As primeiras abordagens da psicografia, foram realizadas através de meios rudimentares, como a utilização de pranchetas e das cestas munidas de lápis. Com o tempo, a psicografia evoluiu para o que conhecemos hoje e já muito visualizado pelo excelente trabalho que Chico Xavier trouxe ao mundo de uma forma simples, humilde e muito clara quanto à elevação das mensagens que recebeu, que nunca poderiam ser da sua autoria.

A psicografia não é um atributo do homem superior, está ao alcance de qualquer um desde que assim o deseje. Com conhecimento, trabalho, dedicação e disciplina, é possível ser-se “ouvinte” escrevente do outro plano da vida.

Qualquer tipo de mediunidade, seja ela qual for, deve de ser sempre encarada com uma tarefa ao serviço dos superiores interesses do Homem e de Deus, pois é através da mediunidade educada, séria e desinteressada que se pode claramente ajudar o Homem a elevar-se moral e espiritualmente. A mediunidade é uma ferramenta do Bem e do Amor, que Deus concede ao Homem, para seu próprio bem.

Termino agora, com uma bela citação de Chico Xavier….

"As pessoas esquecerão o que você disse. As pessoas esquecerão o que você fez...
Mas nunca esquecerão como você as fez sentir."