Á medida que vamos crescendo, aprendendo e evoluindo,
vamos percebendo que a nossa vida acaba por ser muito mais do que julgamos. Uns
chegam a essa conclusão mais cedo, outros mais tarde, mas todos nós um dia
acabamos por perceber que a dimensão física da nossa vida, é apenas uma pequena
parte de todas as dimensões em que nos encontramos e que a felicidade não está
muitas vezes onde julgamos.
A cada dia, vamos adquirindo novos conhecimentos e novas
experiências. Vamos enriquecendo assim o nosso espírito e evoluindo em dois dos
planos mais importantes da nossa existência: no moral e no intelectual.
Deus criou a vida, e é uma benesse para todos nós,
pois permite que cada Ser cresça e se desenvolva individualmente segundo a sua
própria vontade e instinto, trilhando o seu próprio caminho.
Mas saber viver não é fácil, nem tão pouco simples. E
por isso vivemos a maior parte das vezes rodeados de problemas e dificuldades. Se
a nossa vida não é fácil, a culpa é somente e exclusivamente nossa, de mais
ninguém e muito menos de Deus. Pois muitas vezes esquecemo-nos que colhemos o
que semeamos.
E mesmo por causa dos sofrimentos da vida, que o tema
da palestra que vos trago hoje, é sobre a Depressão e a Melancolia.
Quantos de nós não experimentaram alguma vez sentimentos
de tristeza profunda, de desânimo, de desinteresse por tudo (até pela própria
vida), de falta de energia e força anímica, baixa autoestima, de angústia, de
melancolia… etc… etc… de tantos e tantos sentimentos que nos colocam em estados
de espírito tão complicados e tão redutores face a nossa existência. São tudo
parte dos chamados estados depressivos.
As origens das depressões são tão vastas e diferentes,
quanto complexos nós somos como seres humanos, tão materialistas ainda. As
depressões podem nascer de coisas simples, como de situações mais complexas e
difíceis de analisar e por vezes de resolver.
Mas veremos melhor, que no final, tudo está relacionado
com a nossa mente e com o nosso espírito.
O médico grego Hipócrates (considerado por muitos o
pai da medicina) já no século V (A.C), classificava a melancolia como uma
doença, baseando-se em 4 teorias que não interessam muito explorar agora.
No período da Renascença ou Romantismo, a melancolia
era vista como uma doença bem-vinda, pois era considerada como uma experiência
enriquecedora para a alma.
Durante os tempos de evolução da humanidade, tanto a
depressão como a melancolia foram observadas de diferentes formas, mas no
fundo, nunca deixaram de ser vistas e analisadas, como algo de negativo e
prejudicial para o Homem.
Do ponto de vista clínico, uma depressão é um
distúrbio afectivo, sendo a melancolia um dos estados psíquicos a ela
associados. Considerada como doença pela OMS (calcula-se que atinga cerca de
20% da população mundial) e é algo que acompanha o Homem desde sempre.
Normalmente, a depressão é sinónimo de alterações químicas ao nível do cérebro,
principalmente em relação aos neurotransmissores, como a serotonina, a
noradrenalina e em menor escala a dopamina. Estas são as substâncias que
transmitem impulsos nervosos entre células. Mas isto é a visão científica.
Numa perspectiva de lógica racional, e falando em
estados depressivos, alguns dirão que se cura, recorrendo aos métodos clínicos
da medicina tradicional. Resolvendo-se o problema com recurso a medicamentos.
Mas acontece que os medicamentos, o que irão fazer não será mais que acalmar e
anestesiar a mente de quem sofre. E isso, não irá resolver nenhum dos problemas
que originaram a depressão. Somente acalmará o corpo e entorpecerá a mente.
Outros poderão dizer que as depressões se resolvem com
umas idas a um psiquiatra. O que na prática pode ser verdade, porque as
depressões possuem as suas origens na mente. Mas ainda a sua cura ainda está
longe da racionalidade médico-científica.
Para outros, as depressões são normalmente associadas
ao stress, sendo este a causa para tudo o que de mal vai em nós, mental ou
fisicamente. Por isso se aconselharia uma qualquer prática desportiva ou
qualquer outra atividade que traga distração mental.
Não digo que nada disto possa não ser verdade, Mas antes
de mais, reside uma questão fundamental.
Porque stressamos nós tanto? Porque deprimimos nós?
Por muito que possamos culpar tudo e todos pelos
nossos males, a realidade é que tudo na nossa vida passa por um estado de alma,
que obviamente tem reflexos no corpo físico. André Luiz, num dos seus livros
psicografados por Chico Xavier, referia que as depressões são frutos dos
estados da mente que são projectados sobre o corpo, através dos bióforos que
são unidades de força psicossomáticas que se localizam nas mitocôndrias (que
são células que geram energia no nosso corpo).
A mente, transmite os seus estados felizes ou
infelizes a todas as células do organismo. Por outras palavras, a mente funciona
como um sol que irradia a sua luz e calor para todo o lado, interferindo com o
estado de saúde do nosso organismo, equilibrando-o ou desequilibrando-o.
E o nosso grande problema, está mesmo no controlo da
mente, no controlo dos nossos estados de alma e das nossas emoções, sejam estes
mais ou menos felizes.
As depressões acabam por ter sempre um fundo
espiritual, pois as suas causas estão sempre dentro de nós mesmos. As vidas
passadas trazem para o presente um conjunto de débitos que temos de saldar. E muita
da nossa infelicidade também está directamente relacionada com esses débitos anteriores
impressos no nosso espírito, que são passados para o nosso corpo sensorial.
Uma das condições que levam à depressão, vem citada
pelo espírito François Geneve no livro do Evangelho Segundo o Espiritismo, onde
este relata que uma das causas da tristeza que se apodera de
nossos corações, fazendo com que achemos a vida amarga, é quando o Espírito
aspira a liberdade e à felicidade da vida espiritual, mas vendo-se preso ao
corpo, fica frustrado, cai no desencorajamento e transmite para o corpo apatia
e o abatimento, sentindo-se assim muito infeliz. Para François Geneve a causa
inicial da depressão, é esta ânsia frustrada de felicidade e liberdade almejada
pelo espírito encarnado, acrescido das atribulações da vida com suas
dificuldades de relacionamento interpessoal, intensificada pelas influências
negativas de espíritos encarnados e desencarnados.
Também a
solidão e o isolamento, são também causas profundas de desespero emocional que
nos transportam para as depressões. E isso nos dias de hoje, é um grande mal
que assola as nossas sociedades, onde todos vivem só para si mesmos.
A depressão, trata-se, pois é um sintoma que
nos diz que não nos estamos a amar como deveríamos. E um dos caminhos para
sairmos dela, é preencher este vazio com a recuperação da auto-estima e do amor
em todos os sentidos, seja ele próprio e ao próximo. Mais uma vez, devemos de
compreender que o Amor é a chave de toda a nossa existência e é dele e nele que
devemos de viver. Deus é amor, e vivendo no amor, vivemos em Deus e com Deus.
A espiritualidade, também exerce um papel
fundamental no equilíbrio mental e emocional das pessoas. Uma mente fixa no
materialismo da vida, acaba rapidamente por cair nas malhas das tristezas, do
sofrimento e de todo um conjunto de sentimentos interiores que a levam a
estados depressivos. Pois sem nada mais para se agarrar na vida do que aos bens
materiais fúteis, rapidamente o espírito cai sobre si mesmo em drama de
tristezas, pois vê que a felicidade que tanto deseja, não a encontra onde
julgava.
As melhores curas para a depressão passam por
falar. Sim, falar. E quando digo falar, falo de conversar com um amigo,
desabafar. Libertar as ânsias do espírito que deseja liberdade, pois as prisões
mentais a que está sujeito, não lhe permitem evoluir e ser mais feliz.
A oração é fundamental. Orar é virar-se para
Deus, é falar com Deus. Rogar-lhe ajuda para que nos liberte dos pensamentos
inferiores que nos inundam e atraem até nós tanto e tantos espíritos sofredores
que se afinizam com o nosso estado de alma.
O Passe, é também outra boa forma de
canalização de boas energias vindas do alto, vindas do universo de paz e amor.
Resumindo, as depressões tratam-se com as
terapias do espírito e não, somente do corpo, pois é no espírito e na nossa
mente que residem os nossos problemas, as nossas desilusões, frustrações e tudo
o mais que nos transporta para estados depressivos.
Termino com uma frase maravilhosa de Chico
Xavier:
"Na vida, não vale tanto o que temos, nem tanto importa o que somos. Vale o que realizamos com aquilo que possuímos e, acima de tudo, importa o que fazemos de nós!"
Obrigado