sexta-feira, 27 de junho de 2014

Os sonhos

O tema de hoje, é sobre algo que sempre deixou marcas de grande curiosidade na Humanidade. Acho-o um tema interessante e até misterioso, por ser tão complexo de analisar e entender.

Vou falar-vos um pouco sobre os sonhos.

- O que são?
- Que significados têm?
- O que querem os sonhos dizer-nos?

Estas, e muitas outras haverá, são perguntas que de certeza nos fazemos muitas vezes. Pois sonhar por si já é quase um mistério e a interpretação dos sonhos, é mais outro mistério.

O poeta Fernando Pessoa já dizia: “Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce”

Ora se Fernando Pessoa achava que a obra nasce de um sonho, então temos de perceber o que significa sonhar e como devemos de sonhar para que a obra que nasça tenha um bom resultado.

Mas já vamos perceber que sonhar é, e continuará a ser, um grande mistério, tanto do ponto de vista da ciência como da religião.

Todos nós sonhamos. Alguns até o fazem acordados, pois quantas pessoas não conhecemos que andam sempre na lua e a sonhar, completamente fora da realidade.
Mas regra geral, sonhamos quando dormimos, quando entregamos o corpo ao descanso físico e deixamos que a alma se emancipe, isto é, que a alma fique livre da matéria por momentos.

Sobre os sonhos e a suas interpretações, muito se tem dito e escrito. É que falar sobre os sonhos é muito complexo e numa esfera mais ampla, os sonhos envolvem muitas coisas tais como, a ciência, a cultura e a religião.

Em termos de ciência, a interpretação dos sonhos foi talvez mais amplamente estudada pelo médico psicanalista Checo Sigmund Freud, que analisou e estudou com a profundidade científica possível os processos associados aos sonhos e às suas possíveis interpretações.
Segundo ele, os sonhos dividem-se em duas partes:

- O sentido manifesto (onde os conteúdos são determinados pelo nosso superego, que é a nossa parte moral)

- Sentido latente (é parte interpretativa simbólica dos sonhos e daquilo que desejamos que os sonhos signifiquem para nós)

Do ponto de vista da ciência, os sonhos não são mais do que uma interpretação do nosso inconsciente durante o período do sono.
Ou posto de outra forma, sonhamos com acontecimentos que foram criados ou vividos durante a nossa vida, que o nosso subconsciente gravou e vai rebuscar durante o sono.

Depois existe a parte cultural e religiosa dos sonhos, que diz mais respeito à construção que fazemos, isto é, com o que sonhamos com base nas nossas experiências de vida, crenças, actos de fé, desejos e ambições.

Dou como exemplo quando sonhamos com o euromilhões, com um carro novo, com isto e aquilo… ou com um mundo melhor, com pessoas melhores que tenham mais amor umas pelas outras.

Seja como for, sonhar, coloca o indivíduo num estado latente, entra-se nos domínios do inconsciente e em processos que fogem completamente ao nosso controlo directo. Ninguém consegue controlar completamente os seus sonhos, mas podemos por vezes orientá-los.

Por muita ciência que se possa colocar nas coisas, uma coisa é certa, quando sonhamos, o nosso espírito está livre do corpo físico, por isso os seus níveis de liberdade são extremamente elevados. Havendo lugar a sensações, visões e emoções completamente impossíveis quando estamos em estado de vigília.

Os sonhos podem ser divididos de diferentes formas, tais como:

Sonhos lúcidos: Esse tipo de sonho é comum para pessoas sensitivas, intuitivas e de bom desenvolvimento intelectual. Pois, eles consistem num tipo de sonho onde a pessoa que está sonhando tem a total noção dos acontecimentos e consegue até mesmo ter algum controlo como eles devem seguir.

Sonhos criativos: Os sonhos desse tipo são sonhos muito comuns de artistas. Eles funcionam como fonte de inspiração na criação de suas obras. É o inconsciente da pessoa trabalhando em função de sua arte.

Pesadelos: Os pesadelos geralmente tem origem na própria vida real. Pessoas com fobias, medos específicos e normalmente receosas tendem a ter mais esse tipo de sonho.

Sonhos previsíveis: É o tipo de sonho que prevê acontecimentos futuros na vida de uma pessoa. Você sonha e em breve algo muito parecido ou até mesmo, as vezes, exactamente igual ao sonho acontece.

Sonhos repetitivos: Esse tipo de sonho geralmente acontece com pessoas que tem algum trauma ou preocupação constante com algo fixo.

Sonhos sensuais: São sonhos que geralmente acontecem em fase de carência afectiva ou desilusão amorosa. A pessoa tende a sonhar porque sente falta de uma pessoa que deseja muito.

Outro aspecto importante é a compreensão dos sonhos na dimensão espiritual.

- Qual é a importância dos sonhos para nós?
- Qual é a relação do espírito com os sonhos?

Posso dizer-vos que através dos sonhos, acontecem coisas bem mais importantes do que poderíamos julgar.

Se o nosso espírito se encontra livre do corpo físico momentaneamente, ficando ainda assim sempre ligada a ele e sabemos que a alma nunca descansa como o corpo:

- Quem o controla?
- Para onde vai ele enquanto dormimos?

Na questão 402 de o "O Livro dos Espíritos", temos a seguinte explicação:

“Pelos sonhos. Sabei que, quando o corpo repousa, o Espírito dispõe de mais faculdades que no estado de vigília. Tem a lembrança do passado e, às vezes, a previsão do futuro; adquire mais poder e pode entrar em comunicação com os outros espíritos, seja deste mundo, seja de outro.

Frequentemente dizeis: “Tive um sonho bizarro, um sonho horrível, mas que não tem nenhuma verossimilhança”.

Enganas-te. E quase sempre uma lembrança de lugares e de coisas que viste ou que verás numa outra existência ou em outra ocasião. O corpo estando adormecido, o Espírito trata de quebrar as suas cadeias para investigar no passado ou no futuro.”

É importante perceber que enquanto dormimos, ninguém controla o nosso espírito e nunca deixamos de ser quem somos. Somente aquilo que somos no corpo é um pouco diferente do que aquilo que somos no plano espiritual, isto porque fora das limitações do corpo “vemos” e “sentimos” muito mais as coisas.

Desta forma, podemos dizer que os sonhos são as visões e os acontecimentos que os espíritos viram durante o sono.

Nos domínios da ciência, para Freud, o sonho é um "escape" de algo do inconsciente que vem à tona como um "ato falho", ou seja, uma expressão do desejo que vem ao consciente.

Mas é preciso relembrar que Freud era materialista e, como todos os médicos e psicólogos materialistas, consideram que o pensamento é uma secreção do cérebro e não procuram explicação racional nos domínios do espiritual.

Outro aspecto importante relativamente aos sonhos é perceber porque dificilmente nos conseguimos lembrar deles?

Uma resposta dada a Kardec, foi que o corpo dificilmente conserva as impressões recebidas pelo espírito durante o sono, porque este é demasiado grosseiro e essas mesmas impressões recebidas pelo espírito não o foram pelos órgãos do corpo, logo dificilmente poderiam ficar registadas nele.

Dou-vos um exemplo simples, nós lembramo-nos de um cheiro ou odor, porque já o sentimos anteriormente. Se não o sentimos antes, nem sabemos que existe.

Quanto à interpretação dos sonhos, é preciso algum cuidado.

Os sonhos não são verdadeiros para nós e muitas vezes são acontecimentos que nada têm de relação com a nossa vida.

Mas são verdadeiros para o espírito pois estão relacionados com o passado e o presente. Algumas vezes Deus permite que sejamos avisados de algum acontecimento futuro (premonição).

Outra coisa interessante, e até com alguma graça, é acordarmos de manhã cansados, parece que andámos a fazer a maratona de Nova Iorque e temos o sentimento que sonhámos muito, mas não nos lembramos bem com o quê.

Ora isto acontece porque, durante o sono, apesar de o espírito estar mais em liberdade, ele nunca se desvincula do corpo (pois isso significaria a sua morte) e pelo laço fluídico que o liga ao corpo, as actividades do espírito interagem com ele e podem levá-lo à fadiga.

Porque sonhar é importante para o Homem, deixo-vos com esta frase de Roberto Shinyashiki (médico psiquiatra brasileiro):

“Tudo o que um sonho precisa para ser realizado, é alguém que acredite que ele possa ser realizado.”


No fundo, ainda que possamos sonhar com tudo e mais alguma coisa, o importante é que temos de nos preocupar com aquilo que está nas nossas mãos e podemos fazer para sermos felizes, que isso sim é a nossa realidade. A realidade do corpo e não do espírito.