O tema de hoje, é sobre algo que sempre
deixou marcas de grande curiosidade na Humanidade. Acho-o um tema interessante
e até misterioso, por ser tão complexo de analisar e entender.
Vou falar-vos um pouco sobre os sonhos.
- O que são?
- Que significados têm?
- O que querem os sonhos
dizer-nos?
Estas, e muitas outras haverá, são perguntas que de
certeza nos fazemos muitas vezes. Pois sonhar por si já é quase um mistério e a
interpretação dos sonhos, é mais outro mistério.
O poeta Fernando Pessoa já dizia: “Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce”
Ora se Fernando Pessoa achava que a obra nasce de um
sonho, então temos de perceber o que significa sonhar e como devemos de sonhar
para que a obra que nasça tenha um bom resultado.
Mas já vamos perceber que sonhar é, e continuará a ser,
um grande mistério, tanto do ponto de vista da ciência como da religião.
Todos nós sonhamos. Alguns até o fazem acordados, pois
quantas pessoas não conhecemos que andam sempre na lua e a sonhar, completamente
fora da realidade.
Mas regra geral, sonhamos quando dormimos, quando
entregamos o corpo ao descanso físico e deixamos que a alma se emancipe, isto
é, que a alma fique livre da matéria por momentos.
Sobre os sonhos e a suas interpretações, muito se tem
dito e escrito. É que falar sobre os sonhos é muito complexo e numa esfera mais
ampla, os sonhos envolvem muitas coisas tais como, a ciência, a cultura e a religião.
Em termos de ciência, a interpretação dos sonhos foi
talvez mais amplamente estudada pelo médico psicanalista Checo Sigmund Freud,
que analisou e estudou com a profundidade científica possível os processos
associados aos sonhos e às suas possíveis interpretações.
Segundo ele, os sonhos dividem-se em duas partes:
- O sentido
manifesto (onde os conteúdos são determinados pelo nosso superego, que é a
nossa parte moral)
- Sentido
latente (é parte interpretativa simbólica dos sonhos e daquilo que
desejamos que os sonhos signifiquem para nós)
Do ponto de vista da ciência, os sonhos não são mais
do que uma interpretação do nosso inconsciente durante o período do sono.
Ou posto de outra forma, sonhamos com acontecimentos
que foram criados ou vividos durante a nossa vida, que o nosso subconsciente
gravou e vai rebuscar durante o sono.
Depois existe a parte cultural e religiosa dos sonhos,
que diz mais respeito à construção que fazemos, isto é, com o que sonhamos com
base nas nossas experiências de vida, crenças, actos de fé, desejos e ambições.
Dou como exemplo quando sonhamos com o euromilhões,
com um carro novo, com isto e aquilo… ou com um mundo melhor, com pessoas
melhores que tenham mais amor umas pelas outras.
Seja como for, sonhar, coloca o indivíduo num estado
latente, entra-se nos domínios do inconsciente e em processos que fogem completamente
ao nosso controlo directo. Ninguém consegue controlar completamente os seus
sonhos, mas podemos por vezes orientá-los.
Por muita ciência que se possa colocar nas coisas, uma
coisa é certa, quando sonhamos, o nosso espírito está livre do corpo físico,
por isso os seus níveis de liberdade são extremamente elevados. Havendo lugar a
sensações, visões e emoções completamente impossíveis quando estamos em estado
de vigília.
Os sonhos podem ser divididos de diferentes formas,
tais como:
Sonhos lúcidos: Esse tipo de sonho é comum para pessoas sensitivas,
intuitivas e de bom desenvolvimento intelectual. Pois, eles consistem num tipo
de sonho onde a pessoa que está sonhando tem a total noção dos acontecimentos e
consegue até mesmo ter algum controlo como eles devem seguir.
Sonhos
criativos: Os sonhos desse tipo são
sonhos muito comuns de artistas. Eles funcionam como fonte de inspiração na
criação de suas obras. É o inconsciente da pessoa trabalhando em função de sua
arte.
Pesadelos: Os pesadelos geralmente tem origem na própria vida
real. Pessoas com fobias, medos específicos e normalmente receosas tendem a ter
mais esse tipo de sonho.
Sonhos
previsíveis: É o tipo de sonho que
prevê acontecimentos futuros na vida de uma pessoa. Você sonha e em breve algo
muito parecido ou até mesmo, as vezes, exactamente igual ao sonho acontece.
Sonhos
repetitivos: Esse tipo de sonho
geralmente acontece com pessoas que tem algum trauma ou preocupação constante
com algo fixo.
Sonhos
sensuais: São sonhos que geralmente
acontecem em fase de carência afectiva ou desilusão amorosa. A pessoa tende a
sonhar porque sente falta de uma pessoa que deseja muito.
Outro aspecto importante é a compreensão dos sonhos na
dimensão espiritual.
- Qual é a importância dos
sonhos para nós?
- Qual é a relação do
espírito com os sonhos?
Posso dizer-vos que através dos sonhos, acontecem
coisas bem mais importantes do que poderíamos julgar.
Se o nosso espírito se encontra livre do corpo físico
momentaneamente, ficando ainda assim sempre ligada a ele e sabemos que a alma
nunca descansa como o corpo:
- Quem o controla?
- Para onde vai ele enquanto
dormimos?
Na questão 402 de o "O Livro dos Espíritos",
temos a seguinte explicação:
“Pelos sonhos. Sabei que, quando o corpo repousa, o
Espírito dispõe de mais faculdades que no estado de vigília. Tem a lembrança do
passado e, às vezes, a previsão do futuro; adquire mais poder e pode entrar em
comunicação com os outros espíritos, seja deste mundo, seja de outro.
Frequentemente dizeis: “Tive um sonho bizarro, um sonho horrível, mas que não tem nenhuma
verossimilhança”.
Enganas-te. E quase sempre uma lembrança de lugares e
de coisas que viste ou que verás numa outra existência ou em outra ocasião. O
corpo estando adormecido, o Espírito trata de quebrar as suas cadeias para
investigar no passado ou no futuro.”
É importante perceber que enquanto dormimos, ninguém
controla o nosso espírito e nunca deixamos de ser quem somos. Somente aquilo
que somos no corpo é um pouco diferente do que aquilo que somos no plano
espiritual, isto porque fora das limitações do corpo “vemos” e “sentimos” muito
mais as coisas.
Desta forma, podemos dizer que os sonhos são as visões
e os acontecimentos que os espíritos viram durante o sono.
Nos domínios da ciência, para Freud, o sonho é um
"escape" de algo do inconsciente que vem à tona como um "ato
falho", ou seja, uma expressão do desejo que vem ao consciente.
Mas é preciso relembrar que Freud era materialista e,
como todos os médicos e psicólogos materialistas, consideram que o pensamento é
uma secreção do cérebro e não procuram explicação racional nos domínios do
espiritual.
Outro aspecto importante relativamente aos sonhos é
perceber porque dificilmente nos conseguimos lembrar deles?
Uma resposta dada a Kardec, foi que o corpo
dificilmente conserva as impressões recebidas pelo espírito durante o sono,
porque este é demasiado grosseiro e essas mesmas impressões recebidas pelo
espírito não o foram pelos órgãos do corpo, logo dificilmente poderiam ficar
registadas nele.
Dou-vos um exemplo simples, nós lembramo-nos de um
cheiro ou odor, porque já o sentimos anteriormente. Se não o sentimos antes,
nem sabemos que existe.
Quanto à interpretação dos sonhos, é preciso algum
cuidado.
Os sonhos não são verdadeiros para nós e muitas vezes
são acontecimentos que nada têm de relação com a nossa vida.
Mas são verdadeiros para o espírito pois estão
relacionados com o passado e o presente. Algumas vezes Deus permite que sejamos
avisados de algum acontecimento futuro (premonição).
Outra coisa interessante, e até com alguma graça, é
acordarmos de manhã cansados, parece que andámos a fazer a maratona de Nova
Iorque e temos o sentimento que sonhámos muito, mas não nos lembramos bem com o
quê.
Ora isto acontece porque, durante o sono, apesar de o
espírito estar mais em liberdade, ele nunca se desvincula do corpo (pois isso
significaria a sua morte) e pelo laço fluídico que o liga ao corpo, as
actividades do espírito interagem com ele e podem levá-lo à fadiga.
Porque sonhar é importante para o Homem, deixo-vos com
esta frase de Roberto Shinyashiki (médico psiquiatra brasileiro):
“Tudo o que um sonho precisa para ser realizado, é
alguém que acredite que ele possa ser realizado.”
No fundo, ainda que possamos sonhar com tudo e mais
alguma coisa, o importante é que temos de nos preocupar com aquilo que está nas
nossas mãos e podemos fazer para sermos felizes, que isso sim é a nossa
realidade. A realidade do corpo e não do espírito.