quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Breves noções sobre as Obsessões


Certo dia, Jesus passeava na rua e deparou-se com um homem que manifestava um comportamento anormal e muito perturbado. O homem, vendo Jesus, aproximou-se dele e perguntou-lhe: ”Quem és tu?”
Jesus, conhecedor da condição daquele homem, respondeu-lhe: “Eu sou Jesus, e tu meu irmão, quem és?”
Então, o homem mentalmente desequilibrado, replicou: “Tu não!…nós…nós somos Legião!”
Jesus sabendo do que se tratava aquele fenómeno, asseverou: “Legião, sai dele!”
Eis então, que rendidos à perfeição moral do Mestre, os espíritos inferiores que obsidiavam aquele pobre homem, foram embora e deixaram-no em paz.

Esta pequena passagem, serve para introduzir o tema da palestra de hoje, onde vos vou falar sobre a temática das obsessões espirituais.

Dissertar sobre as obsessões, é sem dúvida uma temática muito interessante de análise, mas também é de elevada complexidade, pois as suas interpretações são em muito sinónimo de uma elevada incompreensão pela nossa condição e realidade de seres espirituais que caminhamos numa longa jornada de evolução moral.
Muitas situações e perturbações são classificadas de obsessões graves, quando na verdade, nada tem a ver com a questão, dado que em muitos casos estas encontram solução na medicina ou na psicologia.
Lembremo-nos que o ser humano é complexo e que o cérebro ainda continua a ser um órgão que carrega em si muito desconhecimento à luz das nossas capacidades. Ainda somos seres pouco evoluídos ao ponto de dominarmos as ciências em todas as suas amplitudes.

Mas não podemos escamotear ou esconder um facto incontornável à nossa existência (isto para quem não acredita na dimensão espiritual), que é o facto de não estarmos sós no universo e por isso seja pela simples Lei da Atracão como pela Lei da Causa-Efeito, todos nós caminhamos eternamente acompanhados por irmãos nossos que se assemelham a nós, pelo pensamento, ações e qualidades morais.
O mais importante quando se analisam casos de obsessão, é ter uma noção clara de racionalidade, uma mente aberta, educada, moralizada e sobretudo espiritualizada.

Mas o que é a obsessão?

A obsessão, é todo um conjunto de fenómenos e processos que advém em consequência do descarrilamento das qualidades morais do Homem ao longo do seu processo evolutivo. É nas qualidades morais e espirituais do indivíduo, que se encontram muitas explicações relacionadas com os fenómenos da obsessão.

As obsessões são vistas do ponto de vista clinico e psiquiátrico, como transtornos obsessivos-compulsivos. Utilizando uma linguagem mais corrente, podemos classifica-las como manias que originam comportamentos estranhos e que na maior parte das vezes levam as pessoas à doença.

Em termos práticos, os fenómenos obsessivos enquadram-se sempre numa lógica de interferência directa ou indirecta entre indivíduos, sejam eles encarnados ou desencarnados. É claro que também existem obsessões pessoais relativamente a objetos, sobretudo nas dimensões materialistas de todos quanto não vêm o mundo para lá do seu próprio nariz.  
As obsessões espirituais são os processos de interferência prejudicial de desencarnados sobre os encarnados. Qualquer processo de obsessão, é sempre numa lógica de prejuízo em relação a alguém, seja ao próximo como a si próprio.

Hoje, não irei abordar os efeitos ou os fenómenos práticos das obsessões, irei limitar a minha análise à sua génese, isto é aos seus porquês, e ao entendimento de como as obsessões se geram nos corações dos Homens perdidos. No fundo, em todos aqueles que deixam a escuridão reinar nos seus corações e que fogem dos desígnios maiores de Deus, que é Pai. Que é Ele, todo Amor.

A fonte geradora das obsessões, nasce em coisas tão simples como o Orgulho, o Ódio, o Egoísmo, a Vaidade, a Inveja, o desconhecimento, a falta de moralidade. Essencialmente é na falta de Amor para consigo próprio e para com o próximo que as obsessões, mais ou menos fortes são geradas. Pois somente os sentimentos mais distantes de Deus são geradores de ódios e obsessões, levando a complicados dramas de alienação mental dos obsessores.

Do livro A Gênese de Allan Kardec, encontramos uma passagem sobre os flagelos que agridem a humanidade e os seus motivos principais:

“Pululam em torno da Terra os maus espíritos, em consequência da inferioridade moral de seus habitantes. A acção malfazeja desses espíritos é parte integrante dos flagelos com que a humanidade se vê a braços neste mundo. A obsessão é um dos efeitos de semelhante acção, como as enfermidades e todas as atribulações da vida, deve pois, ser considerada como provação ou expiação e aceite com esse carácter.”

Os processos obsessivos não nascem do nada, não aparecem nas vidas das pessoas por mero acaso. Existe sempre um ou mais motivos, que levam a que os obsessores, levados pelas correntes do mal que invadem os seus corações, decidam trazer prejuízo aos outros. Correntes essas, que alimentam um sentido de justiça a ser feita pelas suas próprias mãos, em prol de um ideal que eles mesmo julgam de justo para fazerem “pagar” as injustiças que contra eles foram cometidas.
As obsessões espirituais de hoje, são muitas vezes fruto das sementeiras do passado, em que, em muitos casos se vão perpetuando ao longo do tempo por não haver perdão mútuo.

Alguns de vós poderão pensar que estão a ser obsidiados, incomodados pelas forças invisíveis do plano espiritual, que por algum motivo a vós desconhecido hoje, vos estão a prejudicar de alguma forma. Mas gostaria de vos dizer o seguinte: Tenham calma nessa análise, pois nem tudo o que se passa de menos bom nas nossas vidas, advém de processos obsessivos. Mas não deixa de ser verdade que se em consciência plantarmos ventos, colheremos tempestades.

Precisamos todos de mais conhecimento, de mais amor nossos corações, mas sobretudo de boas sementeiras na vida, no nosso dia-a-dia, para que no futuro não venhamos a ser obsidiados pelo mal que fizemos ao nosso irmão. Pois as raízes que originaram as obsessões, foram criadas por nós próprios, pelo fruto dos nossos pensamentos e acções. Nós somos sempre os responsáveis pelo que fazemos em consciência. E disso não podemos fugir.

Podemos não saber o que fomos no passado. O que fizemos de bem ou mal. Mas uma coisa é certa, podemos mudar o amanhã. Tudo está nas nossas mãos, no momento presente. Pois é preciso ter sempre presente nas nossas mentes, que à medida que evoluímos moralmente, os nossos obsessores aprendem também connosco e vão eles próprios distanciar-se das acções e intenções malévolas que reinam nos seus corações. Pois a elevação moral, trás Luz e Amor às nossas vidas. E essa luz interior é a chave das desobsessões, é somente através do Amor que conseguimos parar os processos obsessivos. Nenhum obsessor se opõe contra o amor e contra os desígnios de Deus.

O nosso processo evolutivo, é complexo e nem sempre é uma linha recta em direção a Deus. Sabemos que a nossa meta é chegar até Deus, até à perfeição. Mas até lá, o caminho é longo, penoso e muitas vezes tão difícil de palmear, pois precisamos dos outros para evoluirmos e mais do que precisar dos outros, precisamos de grandes mudanças interiores que não são fáceis de atingir.

Como nem todos nós somos seres espiritualizados com semelhantes objetivos, com vontade de evoluir moralmente, com vontade de amar o próximo como a si mesmo (tal como Jesus nos ensinou), com vontade de eliminar as impurezas morais que fomos carregando e criando ao longo das existências terrenas, acabamos por chocar uns contra os outros. Acabamos por criar desavenças e ódios, que a cada um retornam sob o jugo da Lei da Causa-Efeito, trazendo até nós os obsessores, que não são mais do que aqueles que magoámos e ferimos.

Recordo-vos, que as obsessões não são mais que os efeitos práticos e consequentes das nossas acções e pensamentos. As obsessões são a materialização de pensamentos e corações fora da moralidade de Deus.
E não devemos de olhar os obsessores como alguém de mau, de impuro, como demónios. Pois são somente alguém como nós que foi ferido, foi injustiçado e que não nos perdoou e não encontrou a luz e o amor de Deus. Quem sabe se nós mesmos não somos interiormente piores do que eles, do que quem nos possa obsidiar?

Não nos julguemos de virgens ofendidas, procuremos antes entender a nossa vida, procuremos o perdão, procuremos a resignação das nossas ações, procuremos a Luz e o Amor de Deus, procuremos amar quem nos deveria de amar e não ama.

Cada um de nós, é uma fonte única de energia e à semelhança da energia eléctrica, vibramos a frequências diferentes, mas neste caso com uma relação directa com o grau moral evolutivo de cada um. Dessa forma atraímos para nós seres de iguais condições e isto funciona tanto no plano do Amor, como no plano dos Ódios. Ora as obsessões encontram a sua fonte no nosso íntimo, no que somos e queremos da vida. Quem procura amor, atrairá para si amor. Quem alimenta ódios, será alimentado e acompanhado por inúmeros espíritos perdidos que fogem da Verdade Divina e procuram, quem como eles, manterem-se perdidos nas trevas.

Nada ou ninguém surge só ou sozinho viaja pelo Universo.

Partilho uma mensagem do Espírito Emmanuel, mentor de Chico Xavier e cujo nome significa “Deus connosco”, do livro Pensamento e Vida, que nos diz o seguinte:

“Se o homem pudesse comtemplar com os seus próprios olhos as correntes de pensamento, reconheceria, de pronta, que todos vivemos em regime de comunhão, segundo os princípios da afinidade.”

E do Livro do Evangelho Segundo o Espiritismo, encontramos esta passagem:

“(…) em vez de procurar a paz do coração, única felicidade real neste mundo, ele se mostra ávido de tudo o que agitará e turbará, e, coisa singular! O homem, como de intento, cria para si tormentas que está nas suas mãos evitar.
Haverá maiores do que os que derivam da inveja e do ciúme? Para o invejoso e o ciumento, não há repouso, estão perpetuamente febricitantes.”

É verdade que as interacções entre os dois planos da vida são permanentes e constantes e que nos domínios da obsessão, o obsessor desencarnado exerce sobre os encarnados uma força de grande relevância e por vezes de extremo domínio, quase absoluto.

Poderão perguntar, mas porque Deus permite tal coisa?

Respondo com o seguinte exemplo, se chegar ao pé de um de vós e lhe deferir uma bofetada ou um murro, Deus irá intrometer-se entre nós para o evitar?
Pois não. Tudo o que irá resultar dessa minha atitude é a criação de um efeito obsessivo mais ou menos importante da parte de quem sofre tal injúria. A criação de um desejo de vingança, de acerto de contas, pois o orgulho ferido é difícil de controlar e de parte a parte, a moralidade é diminuída face aos sentimentos de ódio gerados ali.
Deus não é culpado nem da minha atitude, nem tão pouco das atitudes de má-fé e também não é responsável pelas vontades obsessivas de quem foi agredido. O acerto deverá de ser feito entre nós, com ou sem a ajuda de Deus. E esse acerto, só será completo quando o Amor e o perdão reinar entre mim em quem mais for injustiçado por mim.

Do evangelho de S. Mateus, Jesus a este propósito disse um dia:

“Deixai-os. São condutores cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova.”

Os homens ainda se alimentam muito de paixões, de materialismos que os prendem muito à crosta terrestre. Muitos homens ainda estão longe dos valores morais e espirituais que são requeridos à sua evolução. Por isso, os sofrimentos fruto das obsessões por si criadas, ainda os afligem e muito mais os afligirão.

O homem que não aprender pelo Amor, aprenderá pela dor. E muitas das suas obsessões, são as dores dos seus próprios pensamentos e sementeiras na vida. Sei que é difícil de entender, mas nós somos muitas vezes os criadores do nosso sofrimento. O de hoje e o de amanhã.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Perdão do meu irmão


Não me sentia bem interiormente. O meu espírito estava irrequieto, ansioso, muito incomodado, diria até odioso. Aproximei-me do meu irmão, olhei-o fixamente com um olhar quase raivoso e deferi-lhe uma bofetada, alimentada por sentimentos de ódio e rancor. Recuei um passo atrás, esperando por uma resposta, uma bofetada de volta talvez ou um insulto. Deixei-me levar por uma revolta interior que não conseguia controlar e acalmar. Não pensando, agi daquela forma porque achava que a razão estava do meu lado.
O meu irmão olhou para mim, imóvel. E com um olhar fraterno, calmamente disse-me: Eu perdoo-te! Virou-me as costas e seguiu o seu caminho sem olhar para trás.
Naquele momento, o meu corpo ficou sem forças. Cai sobre mim próprio. A minha consciência cobrava-me o acto irreflectido e injusto que acabara de fazer ao meu irmão. Arrependia-me. Sofria agora o tormento de uma culpa que tinha sido perdoada. Percebi naquele momento que tinha agido mal e que a razão não importava mais.”

Chamei à palestra de hoje: O perdão do meu irmão

Quando me refiro a irmão, refiro-me a todos nós, pois à luz da doutrina de Jesus, somos todos irmãos, somos todos filhos de Deus. E por isso mesmo, a análise será feita aos actos que nós fazemos relativamente ao próximo, aos nossos irmãos.

Muitas vezes ouvimos falar em perdoar. Talvez tenhamos ouvido pronunciar esta palavra vezes de mais e muitas dessas vezes, não se tratou de um perdão verdadeiro, mas sim de um quase ritual de remissão. Do género, fazes-me mal, eu perdoo-te e pronto o assunto está resolvido. Mas será mesmo assim o verdadeiro perdão?

Certo dia Pedro perguntou a Jesus; Quantas vezes perdoarei ao meu irmão?
Jesus respondeu-lhe que  Perdoá-lo-eis, não sete vezes, mas setenta vezes sete.

Com esta resposta, Jesus não queria dizer que temos de perdoar 490 vezes um pecado que seja cometido contra nós, mas sim que o perdão não se limita a um simples jogo de palavras ou números de vezes que o fazemos, mas sim, na aplicação de um sentimento de elevada grandeza moral e espiritual, que é o do Perdão com Amor.
Não esperando por contrapartidas, nem benefícios.Para perdoar, não basta dizê-lo ou pensá-lo, é preciso senti-lo. Senti-lo do mais profundo do nosso coração.

O perdão verdadeiro, reconhece-se pelos actos, não pelas palavras.

A palavra perdão, traduzida do Grego, significa anular, cancelar ou remir, é como sendo a libertação de uma obrigação contraída pela falta ou pecado.

A nossa existência terrena neste planeta, obriga-nos a conviver e lidar com muitas pessoas ao longo da vida, cada uma o mais diferente que possamos encontrar na pluralidade do ser humano. Como não somos seres de grande elevação moral e espiritual, acabamos sempre por cometer algum pecado contra um irmão nosso, podendo ser mais ou menos doloso. Dificilmente conseguimos passar pela nossa vida sem trazer mágoas a alguém, de forma consciente ou não.
Se fossemos seres elevados, nunca estaria aqui a falar em perdão, pois nessa condição moral, em momento algum existe a possibilidade de desejar, de forma premeditada ou não, magoar ou trazer prejuízo ao próximo.  
Somos ainda seres muito impuros, materialistas, muito longe da nossa verdadeira essência, que é a Espiritual. No fundo, ainda estamos muito longe da excelência de Deus. Mas isso não faz de nós seres maus ou inúteis sem futuro, pois seja de uma forma mais ou menos célere, todos nós, sem excepção, todos nós caminhamos para Deus. Caminhamos para a perfeição moral, intelectual e espiritual.

Como todos sabemos, existe uma lei universal pela qual todos nós somos geridos e decerta forma obrigados a aceitar. E esta lei, encontramo-la expressa em todos os domínios da nossa existência. O cientista Antoine Lavoisier, considerado o pai da química moderna, tem uma frase que ajuda a caracterizar esta mesma lei do ponto de vista da ciência. Ele expressa-a da seguinte forma: “Na natureza, nada se perde tudo se transforma”. Do ponto de vista moral e espiritual, esta lei é designada como a lei da Causa-Efeito. Assim sendo, seja do lado da ciência objectiva ou da moralidade, todos nós somos geridos pelos frutos dos nossos actos. A cada acção que tomamos, uma reacção ocorre. Um acto de amor, gera um acto proporcional de amor. O mesmo acontece para um acto de ódio.

Com isto, gostaria de deixar-vos muito claro que perdoar não é um acto isolado, um teatro ou um acto em vão e inconsequente. Perdoar é ir muito além da nossa capacidade humana, é entrar nos domínios da moralidade e espiritualidade maior. Tal como Jesus nos ensinou. Perdoar é aproximar-se de Deus.

“Sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo vos perdoou” (Efésios 4.32)

Não podemos de esquecer-nos que o facto de sermos perdoados por uma falta, não significa que a falta por si tenha sido esquecida. E que perante as faltas somos sempre devedores espirituais e perante todas as nossas faltas terá de existir a justa correcção. E essa mesma correcção vem da nossa própria consciência, que nos julga e mostra o caminho do acerto. Deus não condena os seus filhos, simplesmente deseja que cada um de nós se acerte com as suas Leis de Amor, com os seus desígnios. Deus quer que sejamos justos e nos elevemos moralmente. E para isso temos de provar os dissabores provocados pelos nossos erros e faltas, unicamente fruto do nosso livre arbítrio. Nós somos responsáveis pelo que fazemos, temos o nosso destino nas mãos e Deus somente nos mostra o caminho, a cada um compete percorrê-lo.

Nunca nos podemos esquecer que as nossas vidas já são longas e apesar de não sabermos o que já fomos em cada uma das existências anteriores, sabemos que a cada nova existência, fomos ou melhorando-nos ou estagnando, neste nosso processo evolutivo. A cada nova existência terrena, fomos contraindo créditos e novos débitos. Por isso mesmo, somos incumbidos de equilibrar a nossa balança moral e espiritual, anulando as más acções e conquistando a nossa Luz interior através das boas acções e do Amor ao próximo. Perdoar, faz parte deste processo. E acreditem em mim, perdoar é bem mais fácil dizê-lo do que fazê-lo realmente.

Nós não temos a missão de mudar o mundo. Não temos que mudar ninguém. Nós que sabemos muito mais do que está para lá desta vida, não temos que fazer que os outros acreditem no que quer que seja. Nós não somos os novos Messias. Somos seres simples e ignorantes, muito impuros ainda. A nossa missão é só uma, e trata-se de mudarmo-nos a nós próprios. Mudarmo-nos interiormente. Só isso.
Pois lembrem-se sempre que se Jesus foi o exemplo vivo para a humanidade. Nós, seres simples e ignorantes, também o podemos ser. Pois se nos mudarmos interiormente, mudaremos o nosso exterior e assim, os outros mais infelizes e ignorantes, olharão para nós e desejarão saber o que nós temos a mais, que eles não têm. Desejarão saber onde vem a nossa felicidade e luz interior.   
Mas rapidamente descobrirão que nós não temos nada mais do que eles, a não ser uma maior noção do Mundo, da Vida, de Deus e de nós próprios. A felicidade está dentro de nós, tal como está Deus, tal como está o Amor.


Muitas vezes pecámos contra o nosso irmão e muitas vezes ele pecou contra nós. A diferença temos de ser nós a fazê-la, pois nós sabemos que se perdoarmos, seremos perdoados, tal como desejamos que Deus nos perdoe as nossas faltas, os nossos erros e pecados. Nós temos mais responsabilidades face ao irmão que peca contra nós, pois não somos ignorantes, não vivemos na escuridão dos sentimentos de falta de Amor-próprio e de Amor ao próximo, não vivemos na escuridão da falta de fé, conhecemos Deus, os seus mistérios e seus ensinamentos.

Errar é humano, é verdade. Mas perdoar também o é. Mas nós somos mais do que simples humanos, somos filhos de Deus. Somos filhos do Amor.

Jesus, disse ao Apóstolo Pedro: “Perdoarás, mas sem limites; perdoarás cada ofensa, tantas vezes quantas ela vos for feita; ensinarás a teus irmãos esse esquecimento de si mesmo, que nos torna invulneráveis às agressões, aos maus tratos e às injúrias, serás doce e humilde de coração, não medindo jamais a mansuetude; e farás, enfim, para os outros, o que desejas que o Pai celeste faça por ti. Não tem Ele de te perdoar sempre, e acaso conta o número de vezes que o seu perdão vem apagar as tuas faltas?”

Kardec complementa com:

"A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto aquele que não for misericordioso não poderá ser brando e pacífico. Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas". (do Livro Evangelho Segundo o Espiritismo).

Tomemos para nós a humildade. Sejamos firmes na fé e aprendamos a perdoar. Pois mesmo que sejamos ofendidos, o dia chegará em que o irmão que nos ofendeu, se redima, reconhecerá o seu erro e inclinará o seu orgulho nos pedirá perdão. Aí perdoaremos e aceitaremos no esquecimento a injúria.

Perdoar é Amor. Perdoar é aproximar-se de Deus e por isso temos de aprender a fazê-lo, por muito que nos custe, pois o nosso Ego e Orgulho está sempre presente nos nossos corações.

“Perdoai, usai a indulgência, sede caridosos, generosos, e até mesmo pródigos no vosso amor. Daí, porque o Senhor vos dará; abaixai-vos, que o Senhor vos levantará; humilhai-vos, que o Senhor vos fará sentar à sua direita.”

(Mensagem do apóstolo PAULO – Lyon, 1861)

Partilho agora a única oração que Jesus nos ensinou e deixou, a oração onde encontramos a razão de toda a nossa existência e conduta, a mesma que nos leva até Deus.

“Pai Nosso que estais no Céu.
Santificado seja o vosso nome.
Venha a nós o vosso reino.
Seja feita a vossa vontade, assim na Terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia, nos dai hoje.
Perdoai-nos as nossas ofensas.
Assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido.
E não nos deixeis cair em tentação.
Mas livrai-nos de todo o mal.”

Esta simples oração que se divide 9 princípios, são a base de toda a nossa essência moral e espiritual e quem trouxer em si mesmo estes princípios, mais perto estará de Deus.

Termino com uma citação de Allan Kardec:

“Não façais aos outros o que não quereríeis que vos fosse feito, mas fazei-lhe, ao contrário, todo o bem que está em vosso poder fazer-lhe.”