quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Entre o céu e o inferno


Dei por mim a olhar para o céu. Depois para a terra. E finalmente, para a linha que divide o céu da terra. Chamam-lhe a linha do horizonte, e na verdade, divide dois mundos tocando nos dois ao mesmo tempo.
Deixando a minha mente a divagar livremente, comecei a imaginar para onde iria o meu espírito, a partir do momento em que o meu corpo físico deixasse de ter vida?

Irei para o céu? Para o inferno? Ou para um qualquer lugar entre os dois?

Algum de vós já pensou nisto alguma vez?

O título da palestra de hoje é: Entre o Céu e a Inferno.

A ideia do tema, é o abordar de uma forma, o mais simples possível, a temática do pós vida na vertente espiritual.

Creio que todos nós a determinado momento, já pensámos na vida depois da vida. Mesmo aqueles que se dizem ateus e descrentes em tudo, acabam sempre por ter algumas dúvidas e curiosidade sobre o que lhes acontecerá depois da sua existência terrena. Porque no fundo, todos acabam por ter uma noção que a sua existência, não se resume aos aspectos materiais exclusivamente.
Mas também quem como nós, acredita e tem provas da continuidade da vida depois da morte, acaba sempre por se lançar num infindável rol de dúvidas e questões.

Reflectir sobre este assunto, é um exercício muito interessante, pois leva-nos a uma reflexão muito profunda sobre nós mesmos, sobre a nossa identidade no mundo, para tentar descobrir uma hipotética resposta. Obriga-nos olhar para a nossa vida com outros olhos, com outra visão e sobretudo noutra perspectiva que não a visão materialista do mundo em que vivemos. Talvez como se tivéssemos que pegar numa balança espiritual invisível e de cada lado colocar o bom e o mau que fizemos durante a vida. Obriga-nos a deixar a nossa consciência julgar-nos. E isso, acreditem, é muito difícil para muitas pessoas, pois muitos são os que vivem o presente como se não houvesse futuro, por isso tentam esconder-se da sua própria consciência.

Cresci segundo os desígnios da doutrina católica apostólica romana. Desde pequeno que conheci Deus, aprendi a amá-lo e a respeitá-lo. Aprendi os valores do Amor, do Bem e o necessário respeito ao próximo. Aprendi muitos outros bons ensinamentos de vida.
Falaram-me de um céu (o paraíso), de um inferno das penas eternas e de um purgatório (uma zona de limpeza espiritual intermédia).
Durante muito tempo, vivi com muitas dúvidas alimentadas pelos muitos dogmas, isto é, considerações tomadas como verdades absolutas sem qualquer confirmação (como que actos de fé) que a igreja católica criou e raramente ou muito superficialmente me explicou. Raramente encontrei as respostas claras às minhas perguntas, pois muito era baseado na crença, às vezes numa fé cega irracional e inquestionável. E dos muitos dogmas, um que me perturbou desde sempre foi o das explicações que me davam do inferno, para onde iriam todas as almas que se portavam mal na vida. Lugar esse onde elas iriam encontrar o sofrimento das penas eternas, onde um suposto diabo as iria torturar até ao fim dos tempos.
E do lado oposto, haveria um céu, para onde as almas boas iriam viver o descanso eterno e complacente com a felicidade eterna.

Para as almas ainda não suficientemente purificadas, que ainda não estariam suficientemente habilitadas a entrar no céu, mas por outro lado não estavam condenadas a ir para o fogo eterno do inferno, estas iriam para uma zona intermédia chamada de purgatório ou umbral.

Com isto, resumidamente, fui aprendendo a desejar o céu e a temer o inferno. Mas sempre cheio de dúvidas e muita incompreensão.

Pensei muitas vezes nisto:

Mas como é possível existir um ser diabólico conhecido por satanás, tão poderoso quanto Deus?
Como poderia Deus, ser supremo e todo-poderoso, criar um ser igual a ele mas com o coração cheio de maldade e ódio, que torturaria todos quantos fossem parar ao tenebroso reino do inferno, eternamente e por indicação do próprio Deus através do Juízo Final?!

Mas que Deus é este que eu Amo, a quem tantas elevadas qualidades são atribuídas, deixaria um filho seu perder-se eternamente no fogo do inferno sem nunca mais ter possibilidade de obter perdão pelas suas faltas?

Mas do que é feito do perdão, da misericórdia, da resignação e do arrependimento?

Quer isto dizer que quem for mau nunca mais terá direito a ser perdoado e a rectificar as suas acções em prol do seu bem e de quem prejudicou, e um dia ir para o céu?

Nunca gostei de acreditar em algo que não entenda, algo que não compreenda e até por vezes em algo que não veja. Claro que poderão perguntar-me se acredito em Deus, mesmo sem nunca o ter visto. E eu respondo-vos que sim, acredito muito em Deus e vejo-o por toda a parte, sobretudo onde hajam bons corações e se pratique o bem. Eu não preciso de ver Deus para acreditar nele, mas preciso de não ter grandes dúvidas sobre o restante das outras coisas no mundo em que me pedem para acreditar.

Jesus nos fala no que respeita às penas eternas, através do evangelho de S. Mateus (7, 11) transmitindo-nos o seguinte esclarecimento:

"...Ou qual de vós, porventura, é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, porventura, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Pois se vós outros, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos Céus, dará boas dádivas aos que lhas pedirem"

E também no Livro de Kardec (o Céu e o Inferno) encontramos uma citação bíblica de Ezequiel (33:11) que diz o seguinte:

“Dizei-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta de seu caminho, e viva.”

Portanto meus amigos, Deus, na sua infinita bondade e justiça, jamais condenaria seus filhos às penas eternas. Muito pelo contrário, dá-lhes tantas oportunidades quanto as necessárias para o crescimento espiritual e moral de cada um. E nós sabemos isso perfeitamente, pois temos provas.

O céu e o inferno não existem da forma nem no contexto como me foi ensinado a acreditar.
           
Na verdade, o céu e o inferno não se encontram em lugar nenhum determinado ou confinado. Não é uma cidade, uma região ou um lugar no universo acima ou abaixo de nós. O céu ou o inferno existem no interior de cada um de nós. E não é preciso estar morto fisicamente para se estar no céu ou para o inferno, pois muitas pessoas já os vivem nas suas existências actuais e passadas, mesmo estando vivas.
Dito de outra forma e acreditem em mim ou não, mas o céu ou o inferno está na essência de cada um, fruto dos actos que praticou e pratica, fruto da sementeira de vida que fez para si. Tudo se encontra no coração e consciência de cada um. E cada um encontrará o seu céu ou inferno, na consequência das acções que praticou.
Um dos grandes desígnios das leis de Deus é o nosso progresso, no fundo que todos nós cheguemos ao céu, à perfeição, à felicidade eterna. Por isso nascemos e morremos muitas vezes, até que consigamos atingir a necessária evolução. E tanto durante o período encarnatório, como na esfera espiritual, cada um vive o seu céu ou inferno, e no caso de se encontrar nas esferas inferiores (Umbral ou Inferno) só lá permanecerá o tempo ou que Deus determinar para seu próprio aproveitamento ou então por opção própria, isto é, no concurso do seu livre arbítrio decidindo não acolher no seu coração o Amor e Luz de Deus.

Diz o Espírito São Luís na questão 1004 de “O Livro dos Espíritos”:

“Sendo o estado de sofrimento ou de felicidade proporcionado ao grau de purificação do Espírito, a duração e a natureza de seus sofrimentos dependem do tempo que ele gaste em melhorar-se. À medida que progride e que os sentimentos se lhe depuram, seus sofrimentos diminuem e mudam de natureza.”

Vamos agora falar um pouco mais destes 3 planos, de uma forma muito resumida: O céu, o inferno e o umbral (ou purgatório).

O que é o céu?

As virtudes são eternas e os defeitos temporários. O objectivo do homem é abolir as suas imperfeições e elevar-se progressivamente ao Bem, conquistando dessa forma o seu céu. Na verdade o céu não é um lugar demarcado, trata-se sim de um estado de perfeição espiritual conquistado de forma individual por cada um de nós, através do seu esforço na prática do Bem e do Amor.
No fundo o céu, é a nossa última paragem na obtenção da felicidade suprema, sendo essa felicidade, segundo as palavras de Allan Kardec, o prémio exclusivo dos Espíritos perfeitos ou puros. Eles a atingem só depois de haver progredido em inteligência e moralidade.
Segundo as informações transmitidas pelos espíritos, existem numerosas “cidades ou colónias espirituais”, cada uma adequada a um determinado nível de desenvolvimento espiritual e moral. A vinculação não é arbitrária ou mediante a nossa vontade, mas sim segundo os paradigmas relativos ao nosso desenvolvimento pessoal, moral e espiritual e vão sendo cada vez mais desmaterializadas à medida que se caminha rumo à perfeição.

E o inferno o que é?

O inferno é o plano completamente oposto ao do céu, como não poderia deixar de ser. O inferno é também uma condição íntima de sofrimento temporária, isto é, sairá sempre do inferno quem assim o desejar, pois à luz da grandiosidade de Deus, qualquer espírito que lá se encontre é resgatado se decidir por si aceitar a luz de Deus, o Amor e o arrependimento. O inferno não é uma condição eterna e nunca o poderia ser, pois iria contra tudo o que Jesus nos transmitiu e sobretudo iria contra as próprias leis de Deus. Lembremo-nos que a ninguém lhe é impingido ou obrigado a fazer o mal, por isso, cada um seja em vida ou no plano espiritual, carrega em si as consequências das acções praticadas.
No inferno encontram-se todos os espíritos que vibram em frequências baixas, sempre remetidos aos maiores defeitos do Homem, demasiado ligados ainda à matéria e a tudo o que existe de menos bom no universo.

O purgatório ou umbral

É uma condição de processo transitório de purificação, isto é, os espíritos que se encontram neste plano estão tão longe ou tão perto do céu ou do inferno, conforme a sua consciência lhes permita aceder a um desses planos. Se desejarem ascender ao planos superiores, a sua estadia mais ou menos curta nesta condição dependerá da sua vontade em aceitar os valores do bem, do amor e do arrependimento, no findo aceitar a luz de Deus nas suas consciências. O tempo que um espírito pode permanecer no umbral, apesar de no plano espiritual não existir tempo tal como o conhecemos, é variável podendo durar até séculos na nossa escala temporal.

Em jeito de resumo, é importante reter e perceber que o nosso objectivo é o de evoluir moral e espiritualmente. De acolher o Amor de Deus nos nossos corações. De nos amarmos a nós próprios, amar e fazer ao próximo o que gostaríamos que nos fosse feito. De praticar a caridade. De nos instruirmos e evoluir intelectualmente.
Não devemos de perder tempo a imaginarmo-nos no céu ou o inferno, pois isso é irrelevante neste momento. O que importa é semear o bem hoje e tentar ser o melhor possível tanto para nós mesmos como para os outros. O que importa é amar a Deus e nunca deixar de acreditar que o inferno não é para nós, pois somos seus filhos e Deus ama-nos. Se o acolhermos no nosso coração, significará que temos todas as ferramentas para sermos melhores e assim continuaremos sempre a caminhar para o nosso céu, o de hoje e o de amanhã.

Como disse um dia Francisco Cândido Xavier:

EMBORA NINGUÉM POSSA VOLTAR ATRÁS E FAZER UM NOVO COMEÇO, QUALQUER UM PODE COMEÇAR AGORA E FAZER UM NOVO FIM.

Obrigado, 

Out 2012

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Orgulho e Humildade


Olho para vós, …e vejo pequenos agreiros nos vossos olhos. Olho para mim e vejo que tenho uma trave nos meus.

Serve-me este intróito, à luz do que consta no evangelho de Mateus, para uma simples reflexão sobre um aspecto simples e simultaneamente complicado para o ser humano: A noção da consciência.
É fundamental estar ciente do nosso estado de consciência, para um maior entendimento sobre o que retarda ou adianta a nossa evolução espiritual. Pois a consciência é a noção das realidades internas e externas ao nosso ser.

É o estado objectivo de consciência que nos diferencia uns dos outros. De todos os seres vivos no planeta. Poderei estar errado, mas penso que só o Homem é dotado de consciência, ainda que este nem sempre a ouça convenientemente.
Esta mesma consciência que nos permite diferenciar o bem do mal, em todo o espectro da nossa vivência comum.

Já Sócrates e Platão referiam que o homem deveria de viver e agir de acordo com a sua consciência, num contexto abrangente às leis que nos regem, sejam Físicas, Legais, Naturais ou Morais.

E é sobre um aspecto dentro da Lei Moral que desejo falar-vos. 

“O orgulho vos induz a julgardes mais do que sois, a não aceitar uma comparação que vos possa re­baixar, e a vos considerardes, ao contrário, tão acima dos vossos irmãos, quer em espírito, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece. E o que acontece, então? Entregai-vos à cólera.”

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo IX)

Esta passagem do livro de Kardec, remete-me para o tema da palestra de hoje:

- Quem de nós nunca sentiu orgulho ou humildade?
            - Afinal o que significam estes sentimentos?
            - Em que medida contribuem estes para a nossa evolução espiritual?

Nas bem-aventuranças, encontramos:

“Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o reino do céu” (Mateus, 3)

O nosso desenvolvimento como seres espirituais ao longo do tempo, leva-nos à experimentação de vasto conjunto de emoções, sensações e experiências mais ou menos felizes, mais ou menos meritórias. Bem sabemos que grande parte do que acontece nas nossas vidas vem da nossa própria vontade, seja esta previamente definida no elemento espiritual com base no que deve de ser o nosso caminho de evolução moral, seja no elemento da matéria, fruto do nosso livre arbítrio e da nossa inteligência e conhecimento adquirido. E como bem sabemos, é neste elemento (material) que avançamos ou estagnamos no desenvolvimento.

É aqui que mais experienciamos os sentimentos terrenos, sejam estes mais ou menos elevados, e é também aqui, que as nossas interacções com os nossos “irmãos”, possuem maior repercussão na formação da nossa personalidade e construção do nosso Ser espiritual.
Somos o que somos e fruto do que fomos, mas podemos sempre ser diferentes do que somos. Para isso é preciso desejar aceitar a mudança.  Ainda que a estrutura da nossa personalidade seja ampla e complexa, centro agora a atenção em dois sentimentos particulares: o Orgulho e a Humildade.          

Na nossa vida, talvez diariamente somos confrontados com diversos tipos de sentimentos, expostos sob diferentes formas mediante diferentes contextos e situações. Sempre criadas por nós mesmos.

O orgulho é um sentimento de dignidade pessoal, que pode ser elevado ou exagerado na apreciação feita a si mesmo. Quando nos sentimos felizes por um acto valoroso, enche-se-nos o espírito de orgulho, mas até que ponto se deve de valorizar o nosso orgulho, seja este manifestado num contexto de bem ou de mal?

Somos confrontados com todo o tipo de bens materiais à nossa disposição, somos bafejados com a criação de necessidades que não temos. Vivemos em sociedades materialistas (grande maioria dos casos), onde basicamente a nossa vida é colocada num ponto onde prevalece a vontade de AQUISIÇÃO, de SER, ou melhor, de PARECER.  

O orgulho fere-nos a Alma, sobretudo quando um Ego frágil se deixa dominar por sentimentos de inferioridade, de baixa auto-estima, de falta de confiança, de falta de fé levando a que o orgulho ganhe terreno sobre o que deveríamos de ser e fazer com base no Amor.
Por vezes não são necessárias grandes manifestações de orgulho para nos ferirem o Ego, simples palavras ou ausência de amor nos ferem com grande violência. Por muito que queiramos despojar-nos de orgulho, é difícil. Pois vive como que colado na nossa pele e quando menos esperamos somos feridos por ele, ou ferimos os outros. Agimos cegos na direcção da perda moral e da real substancia espiritual.

O espírito, a única bagagem que transporta é a que carrega o seu coração. O AMOR. E o orgulho afasta-o de nós.
A matéria traz-nos o sentimento do orgulho, na sua versão negativa, na minha opinião. Enche-nos de orgulho o POSSUIR, o MOSTRAR, e até o HUMILHAR os outros (porque prevalecemos sobre o mais fraco), …no fundo alimentamo-nos dos prazeres materiais, que fugazes na sua existência tanta importância lhes atribuímos.

Um amigo disse-me um dia: “Vive espiritualmente na matéria”

O evangelho traz-nos muitas mensagens de ajuda para enfrentar com fé e força essa missão. Sem dúvida coloca à nossa disposição os meios de nos melhorarmos para evoluirmos no sentido da perfeição espiritual.  Jesus, nosso Mestre, apela à humildade, dela fazendo o passaporte para o reino do céu (relembro a citação do evangelho). Mas quantas vezes nos rendemos ao sentimento da humildade?
Não é fácil, isso vos digo…a humildade possui um preço demasiado elevado para muitos de nós. É incómodo. Traz-nos sentimentos de inferioridade. Fere o Ego.
Atrevo-me a dizer que para muitos, a interpretação de humilde é a de quem pouco possui, alguém mal vestido ou até o simples ingénuo. Mas nada disto é humildade, a humildade que todos precisamos de conquistar. Jesus deixou muito claro o alcance da necessidade de sermos humildes, pois Ele nos disse que se não formos humildes como as crianças, não alcançaremos o reino da verdade. 

Deus não teria permitido à inteligência do homem criar tantos e tão bons meios matérias para nossa satisfação pessoal, se não fosse para uso fruto. Não é destituirmo-nos e despojarmo-nos dos bens materiais que nos tornamos humildes ou menos orgulhosos. Os bens materiais não estão na relação directa com a humildade ou a falta dela.
Aos olhos de Deus somos todos iguais, somos seus filhos. As nossas imperfeições afastam-nos do Pai, o orgulho afasta-nos tanto de Deus como dos nossos irmãos. É isso que necessita de mudança…

O mundo precisa de novos valores, valores de Amor onde o orgulho não encontra lugar.

Valorizamos e acreditamos a evolução da Alma num contexto de Amor. Acreditamos no fim último do aperfeiçoamento da Alma. Desejamos aproximar-mo-nos de Deus.

Se o caminho é longo e penoso, mas é possível fazê-lo acolhendo nos nossos corações sentimentos de Amor que tanta felicidade nos traz no momento presente, como trará no futuro desconhecido.

Termino com uma simples frase: O orgulho destrói o que a humildade constrói.

Obrigado

Jan 2012 

A Riqueza


“Eu. Sou o que sou. Aos olhos de alguns, poderei ser o que tenho. Mas aos olhos de outros, sou somente o que sou. O que tenho, é o que sou, não o que possuo. O que possuo, é nem mais nem menos o que conquistei até hoje, mas não uma conquista de bens, mas sim de amor”

Gosto de começar as minhas palestras com um poema, pois os poemas reflectem um estado de espírito, uma condição do pensamento e de sentimentos traduzidos em palavras. E também é nas palavras que encontramos alento para superar algumas das nossas dificuldades, pois infelizmente para todos nós, vivemos um momento economicamente difícil e por isso mesmo precisamos de nos agarrar ao que nos consegue manter firmes na nossa caminhada de evolução espiritual. Das muitas coisas a que nos podemos agarrar, o ter fé e acreditar no amor de Deus, são sem dúvida dois aspectos fundamentais na conquista da nossa felicidade. Tal como acreditarmos em nós mesmos, também o é.

Falando de riqueza material, que é o tema desta palestra, até que ponto entendem que o dinheiro trás uma felicidade duradoura?

Gostaria de lançar um pequeno desafio e peço-vos que respondam pondo a mão no ar. Façam-no de forma sincera e sem receios.

Quem aqui presente, gostaria de receber 10 milhões de Euros agora?
            Acham que seriam felizes ou conseguiriam ser felizes?

Relativamente aos que gostariam de receber este valor, não importa discutir agora as suas motivações, pois o que está em análise é bem mais do que isso. Mas seja como for, no fundo todos nós sabemos que a felicidade não está no dinheiro, mas sempre vamos insistindo e dar-lhe novas oportunidades de nos fazer felizes. E é o dinheiro que demasiadas vezes nos trás grande parte da nossa infelicidade.

Já agora, terão uma ideia de porque é que não é possível uma distribuição equitativa, isto é por igual, da riqueza que existe neste planeta?

A resposta é mais simples do que possa parecer.

Neste planeta actualmente, seria de todo impossível existir uma distribuição por igual de toda a riqueza nele existente, porque simplesmente, os graus evolutivos de cada um de nós são diferentes, e como tal, cada um despenderia de formas completamente diferente os valores em sua posse, levando a que de uma forma gradual, voltaria a haver ricos e pobres de novo.

A diversidade de valores, interesses e motivações pessoais tornaria de todo impossível haver uma justa repartição de valores materiais. Uns são egoístas, previdentes, outros mais ou menos inteligentes, viciados, caridosos, etc…. Somos todos muito diferentes.

No Livro dos Espíritos (814), lemos sobre a repartição da riqueza que:

“Deus concedeu as provas da riqueza a uns, e da pobreza a outros, “(...) para experimentá-los de modos diferentes. Além disso, como sabeis, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos, que nelas, entretanto, sucumbem com frequência.”

E poderemos então colocar a seguinte questão: Para que nos serve a riqueza se nos trás muitas vezes a perdição da alma?

Encontramos a seguinte resposta, no livro do Evangelho Segundo o Espiritismo:

“Pela riqueza pode o homem melhorar a situação material do Planeta onde vive, melhorar a produção através da relação entre os povos; criar maiores e melhores recursos sociais através do estudo, pesquisa e trabalho. (...) Com razão, pois, é a riqueza considerada elemento de progresso.”

Na verdade, a riqueza material tem bem outra utilidade e finalidade daquela que o homem para si definiu ao longo do tempo. A questão é que os nossos olhos não olham para o coração, para os desígnios e valores maiores do Amor e muito menos olham para Deus. E isso leva-os muitas vezes à sua perda…moral e física, mais tarde ou mais cedo.

Tanto a pobreza como a riqueza material, são provas duras e difíceis para o espírito, pois se na pobreza experimentamos uma insuficiência que muitas vezes conduz à revolta, na riqueza abusamos dos recursos à nossa disposição e deturpamos os reais objectivos e valores da vida.
O dinheiro foi criado com uma utilidade e um fim que, à partida era bom, mas com o passar do tempo, este começou a apoderar-se do coração dos Homens, dominando-os a seu belo prazer e escravizando-os muitas vezes até à morte. 

Do evangelho de Lucas (Cap XII, 13 a 21) lemos a seguinte mensagem:

“Havia um homem rico, cujas terras produziram extraordinariamente. Ele então reflectia: que farei, pois não tenho onde guardar minha colheita. Eis o que farei: derrubarei meus celeiros e irei construí-los maiores, e lá colocarei toda a minha colheita e todos os meus bens. E direi à minha alma: tens muitos bens em reserva para vários anos; repousa, come, bebe, regala-te. Mas Deus lhe diz: insensato! Nesta mesma noite sua alma será reclamada. Então de que servirá o que acumulaste?”

E também de Lucas (12:15):

“Tende cuidado de preservar-vos de toda a avareza, porquanto seja qual for a abundância em que o homem se encontre, sua vida não depende dos bens que ele possuir”

Na verdade, ninguém gosta de ser pobre ou menos afortunado, mas também é preciso entender que a Justiça Divina estabeleceu a igualdade de direitos e méritos, mas de forma alguma estabeleceu a desigualdade social, pois refira-se que esta é unicamente obra do nosso orgulho e egoísmo. Muitos homens avaliam-se uns aos outros pelas aparentes condições materiais que possuem, acham-se superiores face a quem possui menos que eles. Não foi Deus que criou o sofrimento do rico (porque os ricos também sofrem) ou do pobre, foi o Homem por si só, através das suas atitudes, que a si trouxe o sofrimento.

Aqui nesta sala, haverá pessoas com mais recursos económicos do que outras, mas ambas estão aqui, pois para lá de entenderem que não é a riqueza material que faz delas melhores seres, também é na aprendizagem dos valores da vida e do amor que conseguem alcançar maiores riquezas do que aquelas que possuem nesta existência.
A maior riqueza está dentro de nós, por muito difícil que isto seja de entender. A maior riqueza jaz no nosso coração e no amor que dispensamos ao próximo.

Para quem é desafortunado, virar-se para Deus recriminando-o é sem dúvida um grande erro. Pois a Deus não podem ser imputadas as culpas dos nossos erros, das nossas faltas e do nosso mau comportamento durante as nossas existências. Não esqueçamos que possuímos livre arbítrio, isto é, a livre escolha pelas nossas acções. Também é verdade que as interacções entre ambos os planos da vida, material e espiritual, são constantes e a todo o momento nos afectam de alguma forma. Boas sementeiras geram boas colheitas, mas também as más sementeiras acabam por ter a sua produção.
Não podemos esquecer que a nossa vida não se resume a esta existência e como tal o pobre não deve lamentar-se totalmente da sua sorte, pois a sua condição de hoje é sempre fruto do que foi no passado.
Tanto o pobre como o rico, têm de ganhar força moral e espiritual para voltar a caminhar rumo á felicidade e aperfeiçoamento, trazendo para si uma riqueza maior que extravasa a do plano material.

E como se fará isso?

Respondo somente com esta frase: A sementeira é livre, mas a colheita obrigatória.

O homem pode considerar-se pobre por possuir poucos bens materiais. Mas quem diz que não possuirá ele uma riqueza imensa dentro de si: o Amor a si mesmo e ao próximo. Relembro que a maior riqueza do homem está na sua essência.

Também os ricos possuem dura prova, pois a riqueza trás desafios para os quais a fraqueza humana é determinante. O caminho fácil aberto pelo uso dos bens, a avareza, a ganância, o egoísmo, o orgulho, a vaidade, são algumas das duras provas que o espírito do rico tem de ultrapassar. A grande maioria sucumbe facilmente, pois a cegueira materialista torna-se a vivência de uma existência vazia de moralidade e de valores.

Para ilustrar bem a mossa posição material no mundo, partilho esta mensagem de Francisco Cândido Xavier:

Nasceste no lar que Precisavas;
Vestiste o Corpo Físico que merecias;
Moras onde melhor Deus te proporcionou,
De acordo com teu adiantamento;
Possuis os recursos financeiros coerentes com as tuas necessidades,
Nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas;
Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para tua realização;
Teus Parentes e AMIGOS, são as almas que atraíste, com a tua própria afinidade;
Portanto, teu DESTINO está constantemente sob teu controle,
Tu escolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas,
Tudo aquilo que te rodeia a existência;
Teus pensamentos e vontades
São a chave de teus actos e atitudes,
São as fontes de atracção e repulsão na tua JORNADA, vivência;
Não reclames nem te faças de vítima;
Antes de tudo, analisa e observa;
A MUDANÇA ESTÁ EM TUAS MÃOS,
Reprograma tuas metas,
Busca o bem e viverás melhor,

EMBORA NINGUÉM POSSA VOLTAR ATRÁS E FAZER UM NOVO COMEÇO,
QUALQUER UM PODE COMEÇAR AGORA E FAZER UM NOVO FIM.

A quem vive esta existência com menos recursos, que olhe para Deus, que traga para si os elevados sentimentos do Amor, que rogue pela ajuda do alto, para que Deus (que nunca abandona os seus filhos em circunstância alguma) lhes acuda trazendo o pão e a água que necessitam para viver. Entendam que a sua vida não é vazia de significado, que se não possuem mais recursos foi talvez porque já os possuíram outrora e deles fizeram mau uso, ou somente porque decidiram sujeitar-se às difíceis provas da abnegação para evoluírem mais rapidamente. Nada é por acaso, tudo tem um fim e um propósito. Ainda que custe e seja difícil de entender, todos aqueles a quem escolheram viver esta existência com menos recursos ou muitos existem que somente não lutam por eles por preguiça, que esta existência lhes sirva para crescer moral e espiritualmente, pois no plano espiritual não é o rico que é superior, mas sim todo aquele que traz amor no seu coração, irradiando-a para o exterior na forma de luz.

Aos que mais possuem, é fundamental tomarem consciência do poder que possuem em mãos. Não se trata de um poder sobre o próximo, mas sim de ter a possibilidade de mudar um pouco o mundo à sua volta, o seu próprio mundo e destino. É na caridade que reside a salvação.

Termino com o este meu pensamento:

O homem só leva deste mundo o que conquistou para si, para o seu coração. Na partida para a vida espiritual, a sua bagagem vai vazia de dinheiro e valores materiais, somente carrega o que colheu das sementeiras que fez na sua vida. Se semeou Amor, a sua bagagem seguirá cheia e muito leve. Se semeou ódios, carregará pesada bagagem que lhe dificultará a passagem aos planos superiores da vida e longe ficará da felicidade que tanto desejou.

Obrigado,
Set 2012

O valor da Vida


“Estava eu sentado, de olhar profundo e vazio, perscrutando o horizonte. Não sei o que procurava, olhava mais para a profundezas de mim mesmo do que para a vida e paisagem em meu redor.
Não quero mais isto, pensava. Quero deixar de sofrer pois não aguento mais. A minha vida não tem valor nem sentido. O que faço aqui?”

Estou em crer, que todos nesta sala, pelo menos uma vez…uma única vez que seja, partilharam este estado de espírito e se colocaram a seguinte questão a si mesmos:

            Porque Deus não me leva deste mundo e não me alivia deste sofrimento?

Todos nós, em determinado momento das nossas vidas, esboçámos um pensamento de desistência, de resignação e fraqueza última perante as dificuldades julgadas insuperáveis que a vida nos colocou no caminho. Momentos houve em que a única coisa que tivemos foi um coração cheio de tristeza e dor, alheio ao Amor-próprio e ao Amor de Deus. Achámo-nos inúteis, incompetentes, incapazes, fracos, sós e muitas vezes invisíveis ao mundo. Na nossa mente criou-se uma imagem de que a nossa vida afinal não tem valor, nem um sentido útil. A visão deturpa-se nos sentimentos tenebrosos e obscuros das trevas e muitas vezes a única solução viável que se nos apresenta é o suicídio físico.

Como já deve de ter dado para entender, o tema de hoje remete-me para o Valor da Vida. Escolhi este tema somente porque quis aprofundá-lo depois de ter ouvido alguém muito próximo de mim, dizer de forma muito desapaixonada que desejava por fim á sua vida e não o disse em tom de brincadeira ou desafio, mas com o coração destroçado e a mente desprovida de razão.

Para mim pensei, afinal, que valor tem a nossa vida?

Poderemos nós quantifica-lo monetariamente?
Poderemos sequer atribuir-lhe um valor segundo uma qualquer escala?

Independentemente dos motivos que possamos invocar, não fazendo juízos de valor aos mesmos, pois cada caso é um caso, mas na verdade muito na nossa vida está centrado num aspecto fundamental muitas vezes subvalorizado: o conhecimento. Sim, o conhecimento que temos das coisas e da vida.
Apresento a questão desta forma, porque a ignorância e o medo do desconhecido atormentam as almas, enfraquecendo-as, tornando-as vulneráveis e muito permeáveis a tudo o que não seja bom para elas. A ignorância é um grande flagelo pessoal e social, sobretudo retardador da evolução humana. E muito falta ao homem para saber e conhecer, mas antes de mais, é necessário começar pela base, pelo conhecimento básico da vida, das suas leis, das leis naturais que regem o mundo, das leis de Deus. Sem o conhecimento básico da nossa condição espiritual e da nossa vida eterna, o medo e a dor apoderam-se de nós. E assim continuaremos a não entender os motivos e as razões da nossa passagem pela vida física. No fundo, continuaremos a não entender o sentido da nossa vida.   


Allan Kardec nos deixou a seguinte mensagem:

“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.”

Se temos esta vida, só poderá ser por um motivo: Evoluir aprendendo cada vez mais. Pois não faz sentido, para mim outra coisa. Mas este processo, que ate aos nossos olhos pode parecer simples e compreensível, carece de grande análise, no entanto resumiria tudo a um aspecto: Necessitamos de conhecimento e entendimento. Não basta nascer e viver uma vida, é necessário vivê-la estudando e aprendendo diariamente, e em cada existência terrena, vamos assim acrescentando valor à nossa própria vida e evoluindo cada vez mais intelectual, moral e espiritualmente. 

Sobre as dificuldades do momento, e de quem na sua ignorância se julga incapaz de viver a sua existência actual, cito uma passagem do livro do Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap 5, que diz o seguinte:

“A calma e a resignação adquiridas na maneira de encarar a vida terrena, e a fé no futuro, dão ao espírito uma serenidade que é o melhor preservativo da loucura e do suicídio".

Sei que não são meras palavras que nos resolvem os problemas, mas sem dúvida trazem-nos alguns esclarecimentos que muitas vezes não tínhamos.

E do mesmo livro cito:

"Com o Espiritismo a dúvida não sendo mais permitida, modifica-se a visão da vida".

Não digo com isto que a Doutrina Espírita seja a chave de todos os problemas, que através dela se evitem todos os suicídios e problemas existenciais, ou até que se passe a dar mais valor à vida de um momento para o outro, no entanto não deixa de ser importante referir que retirando as pessoas da ignorância, do desconhecimento das leis da vida, será mais fácil compreender os momentos do que se vai vivendo ao longo da vida e assim encontrar as forças necessárias para ultrapassar os problemas e as adversidades. E nesse sentido aprender a valorizar cada existência como sendo um privilégio que nos é dado para rectificar o passado, construir um presente e evoluir para um futuro mais harmonioso e cheio de felicidade. Ter um conhecimento baseado não numa fé cega, numa crença exacerbada por uma paixão infundada e tantas vezes mal sustentada e compreendida, mas muito pelo contrário, aprender na descoberta da razão, na demonstração, na fé lógica e racional, é sem dúvida algo de muito mais reconfortante para cada ser humano e factor de estabilidade emocional também.

A meu ver, e posso-vos dizer que penso assim depois de conhecer a Doutrina Espírita mais a fundo, vos digo que a vida não tem valor. O que estou a dizer agora não é um contra-senso não, mas sim que não é possível a ninguém definir e quantificar um valor para aquilo que é uma obra suprema de Deus, que é a Vida. Deus é vida e só Ele dá a vida. Também só a Ele compete dar-lhe um fim (Livro dos Espíritos – 944).

Todos nós temos momentos de elevada fraqueza moral e emocional. Sentimo-nos sós, quase abandonados. O coração enfraquecido por uma mente distorcida aos valores do Amor, levam-nos muitas vezes a crer que a vida não tem nada para nós dar ou retribuir. Que não temos nenhum papel a desempenhar no mundo (suicídio Altruísta). Que a nossa existência é vazia de felicidade. Muitas vezes damos em acreditar que Deus e o mundo nos abandonaram á nossa sorte (suicídio Egoísta). Os problemas sociais ou económicos são demasiados “pesados” e não se sabe como lidar com eles (suicídio Anómico).

No final, acreditamos que o suicídio é a solução final para todos os nossos problemas. Mas será mesmo?

Numa passagem do livro Enfoques Científicos na Doutrina Espírita, do Dr. Jorge Andréa, encontramos a seguinte mensagem que gostaria de partilhar convosco:

"O homem moderno materializou-se, exaltando a deusa máquina e o deus técnica, não percebendo a fragilidade desses totens de barro. Deus em que confiou e acreditou esborrou-se ao menor dos ventos. Não acontecendo o mesmo com aqueles que asseguram os seus alicerces psicológicos-emocionais numa ética valorosa que o espiritualismo pode oferecer; e mais ainda, numa fé lógica, harmoniosa e inteligível por ser raciocinada, aos que se acercam do estofo dinâmico que caracteriza a Doutrina Espírita. O suicídio, como resultado de um imenso desequilíbrio emocional poderá ser um acto voluntário, porquanto existem outros factores que concorrem para um suicídio, lento e despercebido e por isso, considerado involuntário, ou seja, suicídio consciente e inconsciente.”

Esta passagem retracta muito daquilo que actualmente faz parte do manancial de sofrimento a que muitas sociedades, como a nossa, estão sujeitas e levam a actos desesperados e de consequências terríveis. Vivemos no materialismo absoluto.

Cito ainda uma passagem do livro Após a Tempestade de Joanna de Angelis (em brasileiro):

NOTA: Joana de Angelis é a guia espiritual de Divaldo Franco

"Aqueles que esfacelam o crânio, reencarnam com a idiotia, surdez-mudez, conforme a parte do cérebro afectada, os que tentaram o enforcamento, reaparecem, com os processos da paraplegia infantil; os afogados com enfisema pulmonar, tiros no coração, cardiopatias congénitas irreversíveis, os que se utilizam tóxicos e venenos,… sob o tormento das deformações congénitas, úlceras gástricas e cânceres.”

Joanna de Angelis ainda que nos diz o seguinte:

 “Espera pelo amanhã, quando o teu dia se te apresente sombrio e apavorante. Se te parecem insuportáveis às dores, lembra-te de Jesus, ora, aguarda e confia.’”

Mais uma vez digo que citações de livros, palavras e textos bonitos não são solução para os problemas da vida. Mas eu, pessoalmente, encontrei na Doutrina Espírita uma nova forma de ver o mundo, de ver a vida…de ver a minha vida. E através da leitura, adquire-se conhecimento que nos permite abrir a mente e os olhos para a vida.
Posso vos dizer sem qualquer prepotência ou receio: Aprendi a não temer a morte. E isso ajudou-me a viver! Sou e sinto-me mais feliz sabendo que nada acaba aqui nesta existência. E que o sofrimento de hoje tornar-se-á a alegria de amanhã. Que a vida tem muito para me dar e que Deus nunca me abandonará em momento algum.

Muitas religiões ensinam a olhar para a morte, com grandes receios, limitando a visão da vida e dos seus valores, sufocam a felicidade, abstraem as pessoas de viverem mais felizes espiritualmente. Com o inferno para os atormentados e pecadores que por lá ficarão indefinidamente e o céu para os mais puros.
Para mim, o mundo que Deus criou para nós não é isto. Deus quer que todos os seus filhos se encontrem com o Amor, com a Fé e com a Esperança, que as suas vidas só possuem um único caminho: o da elevação espiritual até à perfeição. Para isso, é preciso Amar-se a si mesmo como a Deus e amar o próximo com a si mesmo. Todos nós temos oportunidades de redenção e de perdão.

Atravessamos um momento economicamente e socialmente cada vez mais difícil. Grandes mudanças acontecem diariamente. O desemprego, as rupturas familiares e sociais. Muitos dos “pilares” das nossas sociedades estão a desmoronar-se e pouco se tem feito para inverter os problemas. Por isso ter fé em si e em Deus, é algo fundamental neste momento especial.

Só dentro de nós podemos encontrar a solução. É dentro de nós que reside a força inexplicável que nos consegue mover em direcção à felicidade e ao bem-estar interior. A espiritualidade é um dos caminhos. Pois é na espiritualidade que nos conseguimos encontrar connosco próprios, que nos encontramos com o nosso EU, e é lá que nos encontramos com Deus e é em Deus que residem as soluções para muitos dos nossos problemas. Não esqueçamos que muitas das nossas dificuldades foram criadas por nós mesmos, consciente ou inconscientemente,

Só um coração aberto a Deus e ao Amor consegue ouvir os bons espíritos que o ajudarão a caminhar para a felicidade, pois nenhum de nós se encontra sozinho na sua existência tanto corporal como espiritual.

Tal como o sol rompe as trevas nocturnas, também nós se soubermos porfiar no bem, na prece sincera, no esforço de cada dia e sobretudo numa inabalável confiança em Deus, conseguiremos superar todas as aparentes insuperáveis dificuldades da vida. Haja Fé!

Finalizo esta palestra com a seguinte frase, de Joana de Angelis:

"Espera pelo amanhã, quando o teu dia se te apresente sombrio e apavorante. Se te parecem insuportáveis as dores, lembra-te de Jesus, ora, aguarda e confia".

Obrigado,


Set 2012