Na palestra de hoje, vou
falar-vos um pouco de psicologia e de espiritualidade.
Sei que é bom, ouvirmos
palestras motivadoras, reconfortantes, mensagens que nos transportam para os
domínios do Bem e do Amor. Palestras que nos fazem pensar e reflectir um pouco
sobre a nossa vida, a nossa forma de pensar e ver as coisas à nossa volta. Precisamos
de ter força e coragem e muitas são as vezes encontramos isso mesmo nas
palavras, mas sobretudo nas acções.
Mas é importante ir ao fundo
das coisas, sabem. É importante percebermos que temos a obrigação de adquirir
conhecimento, seja ele científico ou moral. Temos de nos convencer que estamos
no mundo para aprender e só evoluímos adquirindo conhecimento. Por isso, não
devemos de perder nunca a oportunidade de aprender uma coisa mais, por muito
pequena que seja.
Todos nós, no nosso
dia-a-dia, estamos constantemente a interagir uns com os outros e connosco
próprios. Digo isto, porque de certeza que vocês tal como eu, às vezes andamos
quase em guerra interiormente.
Os processos de interacção
com os outros, enquadram-se naquilo que se chama de Relacionamento
interpessoal. São as diferentes formas que agimos uns com os outros.
Depois também existe o
relacionamento intrapessoal, isto é, o conhecimento que temos de nós mesmos.
Todo o relacionamento está
directamente ligado ao que fazemos, fruto do que sentimos, baseado no que
sabemos. Por isso ressalvo a necessidade do saber, para podermos pensar e fazer
boas coisas.
Há mais de 2000 anos atrás, o general Sun Tzu, um estratega militar e filósofo
chinês, fez a seguinte afirmação:
“Se você conhecer o inimigo e conhecer-se
a si mesmo, não precisa temer resultado de cem batalhas. Se você se conhecer,
mas não conhecer o inimigo, por cada vitória ganha sofrerá também uma derrota.
Se você não conhecer o inimigo nem a si próprio, perderá todas as batalhas.”
Esta frase, parecendo um
pouco complicada (vêm de um filósofo chinês!), é bem o reflexo da importância e
relevância da necessidade não só de conhecermos os outros, como também de nos
conhecermos a nós mesmos.
As pessoas
ao longo do tempo vão fazendo as coisas muitas vezes porque sim, porque foram
ensinadas assim ou porque simplesmente acham que devem, de ser feitas daquela
forma. E será que não haverá outras formas de fazer as coisas, sejam elas quais
forem?
Tenhamos a noção que nós
somos animais de hábitos e não gostamos muito de mudanças. Ou pelo menos
tentamos minimizar as mudanças nas nossas vidas, tudo porque uma mudança
obriga-nos a sair da nossa zona de conforto.
É por isso que vos digo que
é muito importante o autoconhecimento. É muito importante aprender a
conhecermo-nos a nós próprios, pois dessa forma conseguiremos relacionarmo-nos
melhor com os outros à nossa volta.
Ao sabermos relacionamo-nos
melhor, aumentamos as possibilidades de sermos melhor aceites entre os nossos
pares e, no fundo, de nos sentirmos mais felizes interiormente, também. Ao
conhecermo-nos melhor, tomamos consciência das nossas capacidades e limitações.
Aqui entra a psicologia, que
é o estudo dos fenómenos psíquicos e do comportamento do ser humano através da
análise das suas emoções, ideias, valores e atitudes resultantes. O estudo da
psicologia desempenha um papel fundamental nas nossas existências, pois
ajuda-nos a compreender a nossa identidade humana.
Somos seres pensantes, com
inteligência que está muito para lá da inteligência básica dos animais, pois
esse vivem conforme as orientações instintivas da sua espécie e segundo as
condições de sobrevivência no meio onde se encontram.
No fundo, todos sem
excepção, possuímos em nós o instinto básico de sobrevivência e por isso
pensamos e agimos também em função dele.
Deus, ao dar-nos estas
maravilhosas capacidades associadas à inteligência, faz de nós seres com um
potencial de crescimento e evolução que poucos mais seres possuem no reino
animal ou vegetal. Os animais demoram milhões de anos a evoluírem de um estado
para o outro. Nós, Homens também demorámos milhões de anos a evoluir para
chegarmos ao ponto em que nos encontramos hoje. Mas a grande diferença entre
nós, Homens e demais seres, é que a nossa Alma tem um propósito bem definido:
evoluir até à perfeição.
Vai demorar tempo, podem
pensar. Mas é uma verdade.
Mas sejamos humildes e
realistas, já avançámos muito na evolução, basta olhar para trás algumas
centenas de anos e vivíamos de forma muito diferente do que temos possibilidade
de viver hoje.
Actualmente, temos a
perfeita consciência do nosso papel no mundo. Sabemos o que estamos aqui a
fazer enquanto seres encarnados e sabemos quais as tarefas a desempenhar para
prosseguirmos no caminho da nossa evolução.
Mas infelizmente, ainda
muitos não fazem a mínima ideia de qual a sua missão ou papel nesta vida. Andam
quase perpetuamente à deriva…
É verdade que a humanidade
perdeu-se muito ao longo dos tempos, ao longo da sua história. A humanidade foi
perdendo a sua espiritualidade
E quando falo de
espiritualidade, não me refiro a Deus, pois ninguém é obrigado a acreditar em
Deus ou em qualquer outro Deus, pouco importa o nome que se lhe dê. Ninguém é
obrigado a seguir um credo ou religião. O Homem pode e consegue evoluir sem
esses meios. E para isso só precisam de fazer uma única coisa:
“Amar o próximo como a si mesmo”
Acham que é preciso mais do
que isto?
Um dos maiores problemas da
humanidade foi o apego em demasia à Materialidade, aos bens fúteis e
perecíveis. O homem foi-se esquecendo de perceber a sua existência
multidimensional, isto é, somos mais do que a carne que dá forma ao nosso
corpo. Temos uma alma.
O Homem sem alma, não existe
e a inteligência está na alma, ou no espírito.
A psicologia e a
espiritualidade, são duas dimensões importantíssimas na nossa construção como
seres vivos pensantes e precisamos da psicologia e da espiritualidade para nos
conhecermos melhor.
Precisamos se entender que
somos por fora, aquilo que pensamos e sentimos por dentro. Isto é a psicologia.
Precisamos de saber que
somos por fora, aquilo que a nossa alma é cá dentro. Isto é a nossa
espiritualidade.
Aqui, falamos muito de
espiritualidade. Mas debruçarmo-nos um pouco mais sobre a psicologia humana é
importante.
É importante percebermos os
outros, ouvir os outros, sentir os sentimentos dos outros. Aprendemos muito
quando ouvimos. Todos talvez tenhamos tendência para falar mais do que ouvir.
Isto acontece muitas vezes porque é um meio de defesa próprio de cada um, pois
queremos ser notados, ouvidos, procuramos o consenso dos outros com as nossas
ideias e ideais.
E neste ponto vos dou um
simples conselho: Não importa naquilo em que acreditam, por muito bom que sejam
as vossas crenças, nunca as imponham a ninguém. É um erro.
Nos meus inícios, à medida que ia aprendendo e estudando, fui percebendo
que este caminho de amor era bom para mim.
Por isso sempre que podia
tentava transmitir aos outros os meus conhecimentos, às vezes quase forçando-os
a aceitar contra vontade as minhas ideias e ideais a respeito da doutrina.
Com o tempo percebi que era
um erro. Falhou-me as bases da psicologia, isto é, não estava a tentar perceber
os outros, mas sim conduzi-los no meu caminho.
Mas cada um tem o seu
próprio caminho. E demais, quem sou eu para dizer a alguém que isto ou aquilo é
que é bom para ela?
Todos temos tendência a
fazer isso. Porquê?
Porque somos como os
bêbados, nunca queremos ser os únicos.
É por isto, que
debruçando-me mais sobre as questões da psicologia (que é uma área que sempre
gostei muito), simplesmente deixei de fazer o que fazia. Hoje falo as coisas
com quem realmente quer saber ou aprender. Não me preocupo em mudar as ideias
dos outros, não me preocupo com o caminho que os outros levam, não me preocupo
tanto com aquilo que os outros fazem ou dizem. Porquê?
Porque somos seres únicos.
Porque cada um tem de fazer o seu próprio caminho. Porque podemos ajudar os
outros, temos a obrigação de o fazer, mas não podemos sofrer as suas dores.
Cada um tem de sofrer as suas próprias dores, pois se elas existem são fruto
das acções de cada um ou então, os chamamentos do Alto para que se pense e
reflicta na vida.
Uma das maiores lições que
aprendi, foi a de ouvir mais e falar menos.
Podem achar estranho ou
descabido. Mas sempre gostei muito de falar e por isso acho que falava mais do
que ouvia. Com o tempo percebi que perdia muita informação valiosa.
Às vezes ouvia este ditado
popular:
“Deus deu-nos dois ouvidos e
uma boca. É para ouvir duas vezes mais do que falamos”
A psicologia assenta nisto,
para compreender é preciso escutar, ouvir com a mente e com o coração. Assim se
aprende muito… acreditem.
Nós podemos ajudar muito os
outros de maneiras tão simples que talvez nem nos apercebemos. Para muitos
ajudar é dar ou doar coisas. Mas na verdade ajudar é muito mais do que isso.
Ser um bom psicólogo de si
mesmo, é tornar-se um bom psicólogo para os outros.
Mas compreender-se a si
mesmo, é uma tarefa nem sempre fácil, pois eu posso saber e ter consciência que
tenho este ou aquele defeito. Mas se não fizer nada para me modificar, de que
me serve o conhecimento?
Tal como se diz aqui muitas
vezes; o verdadeiro espírita é aquele que se esforça por melhorar-se
interiormente e exteriormente.
E para isso é preciso
aprender e por o conhecimento em prática.
A psicologia é fundamental,
tal como o é a espiritualidade. Pois somos seres pensantes com alma.
Allan Kardec disse-nos um
dia o seguinte:
“Possuímos em nós mesmos
pelo pensamento e a vontade, um poder de acção que se estende muito além dos
limites da nossa esfera corpórea”
No fundo, a mensagem é muito
simples.
Aprendamos tudo o que for de
bom e o coloquemos em prática. Pois isso será os frutos que nos levarão à
felicidade, hoje e amanhã.