quarta-feira, 2 de abril de 2014

Psicologia e Espiritualidade

Na palestra de hoje, vou falar-vos um pouco de psicologia e de espiritualidade.

Sei que é bom, ouvirmos palestras motivadoras, reconfortantes, mensagens que nos transportam para os domínios do Bem e do Amor. Palestras que nos fazem pensar e reflectir um pouco sobre a nossa vida, a nossa forma de pensar e ver as coisas à nossa volta. Precisamos de ter força e coragem e muitas são as vezes encontramos isso mesmo nas palavras, mas sobretudo nas acções.

Mas é importante ir ao fundo das coisas, sabem. É importante percebermos que temos a obrigação de adquirir conhecimento, seja ele científico ou moral. Temos de nos convencer que estamos no mundo para aprender e só evoluímos adquirindo conhecimento. Por isso, não devemos de perder nunca a oportunidade de aprender uma coisa mais, por muito pequena que seja.

Todos nós, no nosso dia-a-dia, estamos constantemente a interagir uns com os outros e connosco próprios. Digo isto, porque de certeza que vocês tal como eu, às vezes andamos quase em guerra interiormente.

Os processos de interacção com os outros, enquadram-se naquilo que se chama de Relacionamento interpessoal. São as diferentes formas que agimos uns com os outros.
Depois também existe o relacionamento intrapessoal, isto é, o conhecimento que temos de nós mesmos.

Todo o relacionamento está directamente ligado ao que fazemos, fruto do que sentimos, baseado no que sabemos. Por isso ressalvo a necessidade do saber, para podermos pensar e fazer boas coisas.

Há mais de 2000 anos atrás, o general Sun Tzu, um estratega militar e filósofo chinês, fez a seguinte afirmação:

“Se você conhecer o inimigo e conhecer-se a si mesmo, não precisa temer resultado de cem batalhas. Se você se conhecer, mas não conhecer o inimigo, por cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhecer o inimigo nem a si próprio, perderá todas as batalhas.”

Esta frase, parecendo um pouco complicada (vêm de um filósofo chinês!), é bem o reflexo da importância e relevância da necessidade não só de conhecermos os outros, como também de nos conhecermos a nós mesmos.

As pessoas ao longo do tempo vão fazendo as coisas muitas vezes porque sim, porque foram ensinadas assim ou porque simplesmente acham que devem, de ser feitas daquela forma. E será que não haverá outras formas de fazer as coisas, sejam elas quais forem?
Tenhamos a noção que nós somos animais de hábitos e não gostamos muito de mudanças. Ou pelo menos tentamos minimizar as mudanças nas nossas vidas, tudo porque uma mudança obriga-nos a sair da nossa zona de conforto.

É por isso que vos digo que é muito importante o autoconhecimento. É muito importante aprender a conhecermo-nos a nós próprios, pois dessa forma conseguiremos relacionarmo-nos melhor com os outros à nossa volta.
Ao sabermos relacionamo-nos melhor, aumentamos as possibilidades de sermos melhor aceites entre os nossos pares e, no fundo, de nos sentirmos mais felizes interiormente, também. Ao conhecermo-nos melhor, tomamos consciência das nossas capacidades e limitações.

Aqui entra a psicologia, que é o estudo dos fenómenos psíquicos e do comportamento do ser humano através da análise das suas emoções, ideias, valores e atitudes resultantes. O estudo da psicologia desempenha um papel fundamental nas nossas existências, pois ajuda-nos a compreender a nossa identidade humana.
Somos seres pensantes, com inteligência que está muito para lá da inteligência básica dos animais, pois esse vivem conforme as orientações instintivas da sua espécie e segundo as condições de sobrevivência no meio onde se encontram.
No fundo, todos sem excepção, possuímos em nós o instinto básico de sobrevivência e por isso pensamos e agimos também em função dele.

Deus, ao dar-nos estas maravilhosas capacidades associadas à inteligência, faz de nós seres com um potencial de crescimento e evolução que poucos mais seres possuem no reino animal ou vegetal. Os animais demoram milhões de anos a evoluírem de um estado para o outro. Nós, Homens também demorámos milhões de anos a evoluir para chegarmos ao ponto em que nos encontramos hoje. Mas a grande diferença entre nós, Homens e demais seres, é que a nossa Alma tem um propósito bem definido: evoluir até à perfeição.

Vai demorar tempo, podem pensar. Mas é uma verdade.

Mas sejamos humildes e realistas, já avançámos muito na evolução, basta olhar para trás algumas centenas de anos e vivíamos de forma muito diferente do que temos possibilidade de viver hoje.
Actualmente, temos a perfeita consciência do nosso papel no mundo. Sabemos o que estamos aqui a fazer enquanto seres encarnados e sabemos quais as tarefas a desempenhar para prosseguirmos no caminho da nossa evolução.

Mas infelizmente, ainda muitos não fazem a mínima ideia de qual a sua missão ou papel nesta vida. Andam quase perpetuamente à deriva…

É verdade que a humanidade perdeu-se muito ao longo dos tempos, ao longo da sua história. A humanidade foi perdendo a sua espiritualidade

E quando falo de espiritualidade, não me refiro a Deus, pois ninguém é obrigado a acreditar em Deus ou em qualquer outro Deus, pouco importa o nome que se lhe dê. Ninguém é obrigado a seguir um credo ou religião. O Homem pode e consegue evoluir sem esses meios. E para isso só precisam de fazer uma única coisa:

“Amar o próximo como a si mesmo”

Acham que é preciso mais do que isto?

Um dos maiores problemas da humanidade foi o apego em demasia à Materialidade, aos bens fúteis e perecíveis. O homem foi-se esquecendo de perceber a sua existência multidimensional, isto é, somos mais do que a carne que dá forma ao nosso corpo. Temos uma alma.

O Homem sem alma, não existe e a inteligência está na alma, ou no espírito.

A psicologia e a espiritualidade, são duas dimensões importantíssimas na nossa construção como seres vivos pensantes e precisamos da psicologia e da espiritualidade para nos conhecermos melhor.

Precisamos se entender que somos por fora, aquilo que pensamos e sentimos por dentro. Isto é a psicologia.

Precisamos de saber que somos por fora, aquilo que a nossa alma é cá dentro. Isto é a nossa espiritualidade.
  
Aqui, falamos muito de espiritualidade. Mas debruçarmo-nos um pouco mais sobre a psicologia humana é importante.

É importante percebermos os outros, ouvir os outros, sentir os sentimentos dos outros. Aprendemos muito quando ouvimos. Todos talvez tenhamos tendência para falar mais do que ouvir. Isto acontece muitas vezes porque é um meio de defesa próprio de cada um, pois queremos ser notados, ouvidos, procuramos o consenso dos outros com as nossas ideias e ideais.

E neste ponto vos dou um simples conselho: Não importa naquilo em que acreditam, por muito bom que sejam as vossas crenças, nunca as imponham a ninguém. É um erro.

Nos meus inícios, à medida que ia aprendendo e estudando, fui percebendo que este caminho de amor era bom para mim.
Por isso sempre que podia tentava transmitir aos outros os meus conhecimentos, às vezes quase forçando-os a aceitar contra vontade as minhas ideias e ideais a respeito da doutrina.

Com o tempo percebi que era um erro. Falhou-me as bases da psicologia, isto é, não estava a tentar perceber os outros, mas sim conduzi-los no meu caminho.
Mas cada um tem o seu próprio caminho. E demais, quem sou eu para dizer a alguém que isto ou aquilo é que é bom para ela?

Todos temos tendência a fazer isso. Porquê?

Porque somos como os bêbados, nunca queremos ser os únicos.

É por isto, que debruçando-me mais sobre as questões da psicologia (que é uma área que sempre gostei muito), simplesmente deixei de fazer o que fazia. Hoje falo as coisas com quem realmente quer saber ou aprender. Não me preocupo em mudar as ideias dos outros, não me preocupo com o caminho que os outros levam, não me preocupo tanto com aquilo que os outros fazem ou dizem. Porquê?

Porque somos seres únicos. Porque cada um tem de fazer o seu próprio caminho. Porque podemos ajudar os outros, temos a obrigação de o fazer, mas não podemos sofrer as suas dores. Cada um tem de sofrer as suas próprias dores, pois se elas existem são fruto das acções de cada um ou então, os chamamentos do Alto para que se pense e reflicta na vida.
Uma das maiores lições que aprendi, foi a de ouvir mais e falar menos.

Podem achar estranho ou descabido. Mas sempre gostei muito de falar e por isso acho que falava mais do que ouvia. Com o tempo percebi que perdia muita informação valiosa.

Às vezes ouvia este ditado popular:

“Deus deu-nos dois ouvidos e uma boca. É para ouvir duas vezes mais do que falamos”

A psicologia assenta nisto, para compreender é preciso escutar, ouvir com a mente e com o coração. Assim se aprende muito… acreditem.

Nós podemos ajudar muito os outros de maneiras tão simples que talvez nem nos apercebemos. Para muitos ajudar é dar ou doar coisas. Mas na verdade ajudar é muito mais do que isso.

Ser um bom psicólogo de si mesmo, é tornar-se um bom psicólogo para os outros.

Mas compreender-se a si mesmo, é uma tarefa nem sempre fácil, pois eu posso saber e ter consciência que tenho este ou aquele defeito. Mas se não fizer nada para me modificar, de que me serve o conhecimento?

Tal como se diz aqui muitas vezes; o verdadeiro espírita é aquele que se esforça por melhorar-se interiormente e exteriormente.

E para isso é preciso aprender e por o conhecimento em prática.
A psicologia é fundamental, tal como o é a espiritualidade. Pois somos seres pensantes com alma.

Allan Kardec disse-nos um dia o seguinte:

“Possuímos em nós mesmos pelo pensamento e a vontade, um poder de acção que se estende muito além dos limites da nossa esfera corpórea”

No fundo, a mensagem é muito simples.

Aprendamos tudo o que for de bom e o coloquemos em prática. Pois isso será os frutos que nos levarão à felicidade, hoje e amanhã.