sexta-feira, 27 de junho de 2014

Os sonhos

O tema de hoje, é sobre algo que sempre deixou marcas de grande curiosidade na Humanidade. Acho-o um tema interessante e até misterioso, por ser tão complexo de analisar e entender.

Vou falar-vos um pouco sobre os sonhos.

- O que são?
- Que significados têm?
- O que querem os sonhos dizer-nos?

Estas, e muitas outras haverá, são perguntas que de certeza nos fazemos muitas vezes. Pois sonhar por si já é quase um mistério e a interpretação dos sonhos, é mais outro mistério.

O poeta Fernando Pessoa já dizia: “Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce”

Ora se Fernando Pessoa achava que a obra nasce de um sonho, então temos de perceber o que significa sonhar e como devemos de sonhar para que a obra que nasça tenha um bom resultado.

Mas já vamos perceber que sonhar é, e continuará a ser, um grande mistério, tanto do ponto de vista da ciência como da religião.

Todos nós sonhamos. Alguns até o fazem acordados, pois quantas pessoas não conhecemos que andam sempre na lua e a sonhar, completamente fora da realidade.
Mas regra geral, sonhamos quando dormimos, quando entregamos o corpo ao descanso físico e deixamos que a alma se emancipe, isto é, que a alma fique livre da matéria por momentos.

Sobre os sonhos e a suas interpretações, muito se tem dito e escrito. É que falar sobre os sonhos é muito complexo e numa esfera mais ampla, os sonhos envolvem muitas coisas tais como, a ciência, a cultura e a religião.

Em termos de ciência, a interpretação dos sonhos foi talvez mais amplamente estudada pelo médico psicanalista Checo Sigmund Freud, que analisou e estudou com a profundidade científica possível os processos associados aos sonhos e às suas possíveis interpretações.
Segundo ele, os sonhos dividem-se em duas partes:

- O sentido manifesto (onde os conteúdos são determinados pelo nosso superego, que é a nossa parte moral)

- Sentido latente (é parte interpretativa simbólica dos sonhos e daquilo que desejamos que os sonhos signifiquem para nós)

Do ponto de vista da ciência, os sonhos não são mais do que uma interpretação do nosso inconsciente durante o período do sono.
Ou posto de outra forma, sonhamos com acontecimentos que foram criados ou vividos durante a nossa vida, que o nosso subconsciente gravou e vai rebuscar durante o sono.

Depois existe a parte cultural e religiosa dos sonhos, que diz mais respeito à construção que fazemos, isto é, com o que sonhamos com base nas nossas experiências de vida, crenças, actos de fé, desejos e ambições.

Dou como exemplo quando sonhamos com o euromilhões, com um carro novo, com isto e aquilo… ou com um mundo melhor, com pessoas melhores que tenham mais amor umas pelas outras.

Seja como for, sonhar, coloca o indivíduo num estado latente, entra-se nos domínios do inconsciente e em processos que fogem completamente ao nosso controlo directo. Ninguém consegue controlar completamente os seus sonhos, mas podemos por vezes orientá-los.

Por muita ciência que se possa colocar nas coisas, uma coisa é certa, quando sonhamos, o nosso espírito está livre do corpo físico, por isso os seus níveis de liberdade são extremamente elevados. Havendo lugar a sensações, visões e emoções completamente impossíveis quando estamos em estado de vigília.

Os sonhos podem ser divididos de diferentes formas, tais como:

Sonhos lúcidos: Esse tipo de sonho é comum para pessoas sensitivas, intuitivas e de bom desenvolvimento intelectual. Pois, eles consistem num tipo de sonho onde a pessoa que está sonhando tem a total noção dos acontecimentos e consegue até mesmo ter algum controlo como eles devem seguir.

Sonhos criativos: Os sonhos desse tipo são sonhos muito comuns de artistas. Eles funcionam como fonte de inspiração na criação de suas obras. É o inconsciente da pessoa trabalhando em função de sua arte.

Pesadelos: Os pesadelos geralmente tem origem na própria vida real. Pessoas com fobias, medos específicos e normalmente receosas tendem a ter mais esse tipo de sonho.

Sonhos previsíveis: É o tipo de sonho que prevê acontecimentos futuros na vida de uma pessoa. Você sonha e em breve algo muito parecido ou até mesmo, as vezes, exactamente igual ao sonho acontece.

Sonhos repetitivos: Esse tipo de sonho geralmente acontece com pessoas que tem algum trauma ou preocupação constante com algo fixo.

Sonhos sensuais: São sonhos que geralmente acontecem em fase de carência afectiva ou desilusão amorosa. A pessoa tende a sonhar porque sente falta de uma pessoa que deseja muito.

Outro aspecto importante é a compreensão dos sonhos na dimensão espiritual.

- Qual é a importância dos sonhos para nós?
- Qual é a relação do espírito com os sonhos?

Posso dizer-vos que através dos sonhos, acontecem coisas bem mais importantes do que poderíamos julgar.

Se o nosso espírito se encontra livre do corpo físico momentaneamente, ficando ainda assim sempre ligada a ele e sabemos que a alma nunca descansa como o corpo:

- Quem o controla?
- Para onde vai ele enquanto dormimos?

Na questão 402 de o "O Livro dos Espíritos", temos a seguinte explicação:

“Pelos sonhos. Sabei que, quando o corpo repousa, o Espírito dispõe de mais faculdades que no estado de vigília. Tem a lembrança do passado e, às vezes, a previsão do futuro; adquire mais poder e pode entrar em comunicação com os outros espíritos, seja deste mundo, seja de outro.

Frequentemente dizeis: “Tive um sonho bizarro, um sonho horrível, mas que não tem nenhuma verossimilhança”.

Enganas-te. E quase sempre uma lembrança de lugares e de coisas que viste ou que verás numa outra existência ou em outra ocasião. O corpo estando adormecido, o Espírito trata de quebrar as suas cadeias para investigar no passado ou no futuro.”

É importante perceber que enquanto dormimos, ninguém controla o nosso espírito e nunca deixamos de ser quem somos. Somente aquilo que somos no corpo é um pouco diferente do que aquilo que somos no plano espiritual, isto porque fora das limitações do corpo “vemos” e “sentimos” muito mais as coisas.

Desta forma, podemos dizer que os sonhos são as visões e os acontecimentos que os espíritos viram durante o sono.

Nos domínios da ciência, para Freud, o sonho é um "escape" de algo do inconsciente que vem à tona como um "ato falho", ou seja, uma expressão do desejo que vem ao consciente.

Mas é preciso relembrar que Freud era materialista e, como todos os médicos e psicólogos materialistas, consideram que o pensamento é uma secreção do cérebro e não procuram explicação racional nos domínios do espiritual.

Outro aspecto importante relativamente aos sonhos é perceber porque dificilmente nos conseguimos lembrar deles?

Uma resposta dada a Kardec, foi que o corpo dificilmente conserva as impressões recebidas pelo espírito durante o sono, porque este é demasiado grosseiro e essas mesmas impressões recebidas pelo espírito não o foram pelos órgãos do corpo, logo dificilmente poderiam ficar registadas nele.

Dou-vos um exemplo simples, nós lembramo-nos de um cheiro ou odor, porque já o sentimos anteriormente. Se não o sentimos antes, nem sabemos que existe.

Quanto à interpretação dos sonhos, é preciso algum cuidado.

Os sonhos não são verdadeiros para nós e muitas vezes são acontecimentos que nada têm de relação com a nossa vida.

Mas são verdadeiros para o espírito pois estão relacionados com o passado e o presente. Algumas vezes Deus permite que sejamos avisados de algum acontecimento futuro (premonição).

Outra coisa interessante, e até com alguma graça, é acordarmos de manhã cansados, parece que andámos a fazer a maratona de Nova Iorque e temos o sentimento que sonhámos muito, mas não nos lembramos bem com o quê.

Ora isto acontece porque, durante o sono, apesar de o espírito estar mais em liberdade, ele nunca se desvincula do corpo (pois isso significaria a sua morte) e pelo laço fluídico que o liga ao corpo, as actividades do espírito interagem com ele e podem levá-lo à fadiga.

Porque sonhar é importante para o Homem, deixo-vos com esta frase de Roberto Shinyashiki (médico psiquiatra brasileiro):

“Tudo o que um sonho precisa para ser realizado, é alguém que acredite que ele possa ser realizado.”


No fundo, ainda que possamos sonhar com tudo e mais alguma coisa, o importante é que temos de nos preocupar com aquilo que está nas nossas mãos e podemos fazer para sermos felizes, que isso sim é a nossa realidade. A realidade do corpo e não do espírito. 

quinta-feira, 1 de maio de 2014

A Energia Universal

Muitas vezes, ouvimos dizer que o universo é energia e que tudo é energia. Nós mesmos somos energia. Mas isso dito desta forma, é muito abstracto e vago. A própria ciência debate-se com dificuldades para encontrar uma definição substancial de energia, num conceito independente, pois a energia é tanta coisa que não é fácil defini-la de forma simples.

Pelo senso comum, sabemos que existem diferentes fontes e formas de energia. Ouvimos falar em energia eléctrica, electromagnética, térmica, de combustão, eólica, solar, quântica, etc… etc... A energia afinal, é muita coisa ao mesmo tempo.

Quando se fala em energia, estamos sempre a falar de um inter-relacionamento entre dois entes ou dois sistemas, isto é, a energia é fruto de um trabalho ou acção entre dois sistemas. Terá de haver sempre uma passagem de um lado para o outro, seja por transferência directa ou por via de uma transformação prévia, como por exemplo o gasóleo dos nossos carros que advém da transformação do petróleo.
E toda a energia e as suas transferências, seja de forma ou substância, obedecem sempre a uma lei básica chamada de Lei da Conservação. Esta lei, não é mais do que a assunção que tudo se mantém em equilíbrio, pois a energia existe por si, não podendo ser destruída, somente transferida.

Desde que se estuda e analisa a criação do universo, a partir do chamado Big Bang, convencionado como o ponto de partida científico para o que conhecemos hoje, que o Homem procura saber mais sobre a energia e os fluxos energéticos, que a todo o momento acontecem no universo.

Mas, poderão pensar, o que é que esta questão da energia tem a ver comigo?

Eu sei que isto é uma temática que poderá ser um pouco complicada de entender, mas acho importante falar na ciência para encontrarmos explicações lógicas para determinadas coisas que acontecem na dimensão espiritual e até para o que se passa aqui.

Nunca nos esqueçamos, que a Doutrina assenta no princípio triangular: Ciência, Filosofia e Religião. Por isso tudo deve ser enquadrado com um sentido lógico e comprovável, isto porque não devemos de acreditar nas coisas só porque sim. Deus fez-nos seres racionais e inteligentes, como tal temos de usar as capacidades e conhecimentos que temos para evoluirmos.
Há muito que a humanidade descobriu uma energia invisível muito própria, existente no universo que está e sempre esteve à nossa disposição, mas esta energia só é possível ser sentida e utilizada no plano espiritual, isto é, o Homem precisa de sair da sua esfera material para conseguir ligar-se a essa energia que é conhecida sob muitos nomes, mas eu gosto de chamar-lhe Energia Universal ou Fluído Universal.

Um exemplo muito prático disso, é o passe e a fluidificação da água.

Como sabemos, o Homem por si só é um ser multidimensional, isto é, não somos só o corpo material que possuímos, mas também somos um ser espiritual. Essa é a nossa verdadeira condição.
Também sabemos, que do corpo ligamo-nos ao espírito imortal através do perispírito. E a prova científica que o perispírito existe, foi realizada pela Universidade de Kirov (Rússia) sendo esta descoberta científica registada e divulgada pela Universidade de Prentice Hall (USA). Dentro desta descoberta, analisou-se os fenómenos associados à existência do chamado fluído universal, ou energia universal e às respectivas transferências entre o plano físico e espiritual.
Aqui temos o lado científico a provar o que Kardec estudou e explicou.

Os fenómenos associados às transferências de energia entre as pessoas (como se passa no Passe, por exemplo) foram demonstrados cientificamente, não se tratando só de uma base crente ou religiosa. As fotografias tiradas pelas câmaras Kirlian, mostram de forma objectiva e inequívoca as transferências de energia que existem durante um passe e mais uma vez, provando assim a existência de fluídos universais invisíveis ao olho humano que são transferidos entre seres vivos.

Mas não é só nas universidades que se prova as outras dimensões da nossa existência. A medicina, no estudo que faz ao corpo humano, também encontrou o elo de ligação entre o plano material e o plano espiritual.

Todos nós possuímos um órgão no cérebro, chamado de Glândula Pineal, que não só é responsável pela produção de uma hormona chamada de melatonina, mas é também um órgão responsável pela nossa ligação ao plano espiritual.

A Glândula Pineal, também conhecida como Epífise, é um pequeno órgão que se parece com um cone com 8mm de comprimento e 4mm de largura, pesa cerca de 0,2 gr.

Desde há mais de 3000 anos A.C. que aparece nos escritos que se referem à anatomia humana. No ocidente, foi descrita a primeira vez por volta do ano 300 A.C. por Herophilus de Alexandria e até aos dias de hoje, tem sido um órgão muito estudado, inclusivamente pela Doutrina Espírita.

Para melhor entenderem, a Glândula Pineal, funciona como uma antena que possuímos que nos permite captar as vibrações e frequências do plano espiritual à nossa volta. E acede-se, se assim posso dizer, a ela por via do chakra coronário (dizer onde se situa).

O neuro cientista Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, defende nas suas pesquisas que a Glândula Pineal é o órgão sensitivo que capta as informações através de ondas electromagnéticas, devido as propriedades dos cristais de apatita  que as converteriam em estímulos neuro químicos de forma análoga a uma antena.

Algo importante a entender todavia, é que o nosso corpo possui aquilo que se designa como centros de força ou Chakras e esses pontos são responsáveis não só pelo nosso equilíbrio fisiológico (bem estar), mas também nos ligam ao plano espiritual. Esses centros de força estão directamente ligados ao nosso perispírito.

E quando se fala de obsessões do domínio espiritual, os espíritos obsessores actuam directamente nestes pontos, contribuindo para que sejam alterados e perturbados. Dessa forma, enfraquecem-nos tanto corpo como mente.

Também quando se fala de mediunidade, pelo menos a mais ostensiva, o médium recebe informações do plano espiritual através da Glândula Pineal que funciona como a porta de entrada nestes processos. Pois tal como os rádios ou as televisões, de nada serve um emissor emitir o que quer que seja, se não existirem antenas que permitam captar essas frequências e transformá-las em algo que possamos compreender, seja som ou imagem.

É por isso que muitas vezes Chico Xavier dizia: O telefone toca do outro lado e só toca de lá para cá!

No fundo é como a rádio e a televisão, ouvimos as suas emissões mas não conseguimos falar com quem está a emiti-las. Mas existem situações onde isso é mais ou menos possível, mas não vou falar nisso hoje.

Recapitulando um pouco, julgo que é claro para todos que o universo é uma fonte de energia ilimitada, que nos permite, na medida dos nossos conhecimentos, irmos utilizando e transformando conforme necessitamos. Basta querer aceder-lhe.

E como se faz isso, poderão perguntar?

Para acedermos a esta energia universal, precisamos de desligarmo-nos da nossa condição material e ligarmo-nos à nossa dimensão espiritual. Para isso, não precisamos de nenhum curso ou formação, precisamos sim, de em primeiro lugar, pensarmos e ligarmo-nos a Deus. Sair momentaneamente das nossas rotinas diárias, esquecer os problemas do dia-a-dia, esquecer as perturbações disto e daquilo. No fundo, precisamos de meditar. Precisamos de nos ligar ao nosso EU interior, de estabelecermos uma comunicação com o plano divino. De cortarmos as ligações com as perturbações do dia-a-dia.
  
Não precisamos de ter grandes conhecimentos em medicina, anatomia humana, psicologia, etc… não precisamos de cursos para aceder à fonte de energia universal à nossa disposição.

Uma forma muito fácil de o fazer, é relembrar e por em prática o que Deus nos disse através do seu filho primogénito:

“Amem o próximo como a vós mesmos”

E porquê?

Porque ao fazermos o bem, estamos a elevar aos poucos a nossa consciência espiritual e cada vez mais, vamos acedendo mais facilmente a esta energia universal à nossa disposição. Quanto menos materializados, mais facilmente nos elevamos.

O conhecimento, não depende da inteligência nem da condição social de cada um, mas sim da vontade em saber e aprender. E quanto mais elevados conseguirmos ser (através da prática do bem e da aquisição de conhecimento) mais perto estamos de Deus e sobretudo da felicidade plena.

Nós podemos e somos capazes de sermos felizes, por muito estranho que pareça.

O problema é por isso em prática na nossa condição tão terrena e materialista. O problema de não sermos plenamente felizes, é que vivemos muito cá em baixo, pouco lá em cima e muito pouco ligados à energia amorosa de Deus, que tanta falta nos faz.
Uma boa forma de começar, será ver os problemas, a vida e as coisas à nossa volta noutras perspectivas.

Gosto de usar este exemplo:

1-     Experimentem deitar-se no chão de barriga para baixo. O que vêem?
2-     Agora imaginem que conseguem elevar-se um pouco e sobre um metro. O que vêem?
3-     Vão continuando a elevarem-se e vão subindo cada vez mais. O que vêem?
4-     Agora imaginem que estão a 10 quilómetros de altura. O que vêem?

Resumindo, à medida que nos elevamos, os problemas e as coisas que aos nossos olhos são tão importantes negativamente, vão perdendo dimensão e importância.

É um pouco como quando estamos a viajar num avião, que importância têm as coisas cá em baixo?

Nenhuma, pois mal as vemos e o que vemos é tudo muito pequenino.

Ligarmo-nos ao nosso EU interior e consequentemente a Deus mais vezes, torna-nos mais leves e mais elevados espiritualmente.

Ao aprendermos a não depender da energia dos outros, como se de sanguessugas se tratasse, conseguimos ser mais felizes e mais elevados. Pois quem não consegue alimentar-se da energia universal sempre à sua disposição, alimenta-se das energias dos demais à sua volta. Por isso existem pessoas tão más que nos enfraquecem tanto e nos prejudicam de todas as formas e feitios. É como se drenassem a nossa energia vital.

Quem se liga a Deus, quem ama, valoriza e energiza positivamente os outros. Não o contrário.

Assim se acede à Energia universal…

sexta-feira, 11 de abril de 2014

A utilidade das comunicações mediúnicas

Na palestra de hoje, vou debruçar-me um pouco sobre as comunicações mediúnicas e a sua utilidade.

O acto de comunicar, nas suas diferentes formas, é desde sempre a única forma que existe no universo para que as espécies se consigam relacionar e entender. As diferentes espécies de seres vivos, que existem ao nosso conhecimento, possuem tão diferentes meios e formas de comunicar quanto poderíamos imaginar. Comunicar é uma ciência muito mais complexa do que se poderia julgar.

Nós humanos, comunicamos de várias formas, pois a nossa inteligência foi-nos permitindo desenvolver os processos comunicativos ao longo da nossa evolução, mas começámos a relacionarmo-nos com sons e grunhidos, gestos e olhares, sinais de fumos e desenhos, até um dia chegarmos à fala conjugada com a junção de letras e palavras, permitindo construir frases.

Actualmente, conseguimos comunicar sons e imagens, a longas distâncias (intercontinentais) graças aos avanços tecnológicos.

Os animais, ainda hoje comunicam de forma primitiva, em função do seu desenvolvimento genético e instintos básicos. Ressalve-se que a grande aproximação que algumas espécies animais foram tendo à espécie humana, foram-lhes permitindo desenvolver mecanismos de compreensão mais apurados (muito ainda na base dos hábitos) e hoje falamos e conversamos com eles como se de humanos se tratassem. Refiro-me por exemplo a cães, gatos, cavalos e golfinhos, só para dar alguns exemplos.

Comunicar faz parte de nós, pois sem os processos de comunicação, acabamos por tornar-nos seres vivos autónomos sem possibilidade de relacionamentos interpessoais com outros seres. Seríamos do género dos vegetais, viveríamos praticamente sós no mundo. Seríamos uns ignorantes ermitas.

Sabemos que comunicar nos faz falta. Precisamos de o fazer. Pois precisamos de nos fazermos ouvir. Muitas vezes comunicamos sem o saber…
Seja pelas nossas palavras, pelos nossos actos, pela nossa postura corporal ou pelos nossos pensamentos. Estamos constantemente a transmitir aquilo que somos e pensamos uns aos outros.

Não precisamos de falar para transmitir algumas ideias e sentimentos. O nosso corpo falará por si. O nosso olhar, o semblante, a nossa disposição acabará sempre por manifestar o que nos vai na alma, como se costuma dizer.

Mas o que me interessa explorar um pouco hoje, não são os processos de comunicação entre espécies, nem as diferentes formas que o ser humano e os animais utilizam para comunicarem entre si. O que me interessa explorar hoje, são os processos de comunicação entre os Homens encarnados e os desencarnados e o propósito para a existência dessas comunicações.

Aqui, já assistimos muitas vezes a comunicações psicofónicas (faladas) e psicográficas (escritas), mas no fundo reside a questão de, como é que isto se processa?

Como saber se são reais ou imaginárias?

Quem é ditou ou intuiu as mensagens que são posteriormente transmitidas?

Haverá aqui algum lado místico ou um propósito estranho?

E mais importante, qual a sua utilidade para nós?

Vou tentar responder a estas e eventualmente outras questões que poderão ser levantadas a este respeito.

Para começar, é preciso que fique muito claro que as comunicações mediúnicas não são shows, nem teatros, nem exposições de manias de médiuns ou de pessoas que se julgam médiuns. Não estamos num circo ou num espectáculo à borla.

As comunicações mediúnicas têm propósitos bem definidos, claros e em momento algum servem (ou deveriam de servir!) para obtenção de benefícios materiais ou servir propósitos que não sejam de utilidade e amor ao próximo.

As comunicações mediúnicas servem para mostrar aos incrédulos que a vida realmente não acaba com a morte do corpo físico. 

Servem para através do contacto com espíritos bem-intencionados, de recebermos mensagens e conselhos úteis para a nossa evolução moral e espiritual.

Servem para termos contacto com entes queridos que já partiram do plano físico e sabermos um pouco mais sobre o seu estado e por vezes ouvirmos conselhos e recomendações benéficas.

As comunicações mediúnicas não devem de ser mais do que chamamentos à realidade espiritual de cada um de nós. Não podem, nem devem de ser feitas fora das leis básicas do Amor próprio e ao próximo.

Como sabemos, todos nós somos médiuns. Todos temos a capacidade inata de comunicar e receber informações do além. De interagir com o outro lado da vida. Aquele lado que muitos olhares não vêem e só com os olhos do coração se enxerga.

A diferença entre as pessoas, é que umas estão mais receptíveis ao plano espiritual e outras menos, talvez porque são muito mais viradas às questões menos nobres do plano material, logo longe de viverem uma existência mais plena e espiritualmente mais construtiva. Ou simplesmente, ainda não chegou o seu momento de se ligarem de forma mais activa ao plano espiritual.

Quando rezamos ou oramos, estamos a desenvolver um contacto mediúnico. Estamos a invocar os bons espíritos, estamos a conversar com Deus, pedindo-lhe o que nos faz falta ou desejaríamos, para nós ou para os outros.

Quando somos intuídos a fazer isto ou aquilo, quando recebemos ideias do nada, ou quando nos apercebemos que sabemos coisas que até aquele momento não sabíamos, estamos a estabelecer um contacto mediúnico.

Quando sonhamos com coisas que desconhecemos e falamos com pessoas que já partiram e elas nos dizem coisas que, por exemplo, irão acontecer a breve trecho ou nos relatam coisas do plano espiritual onde se encontram, é um contacto mediúnico.

Quando conversamos com alguém que nunca conhecemos antes e nos diz coisas a nosso respeito que só nós sabíamos. Como poderia aquela pessoa saber aquilo?

Estes exemplos servem para demonstrar a capacidade de cada um no que diz respeito às suas capacidades de estabelecer comunicações mediúnicas sem o saber ou ter consciência plena disso.



É importante, diria mesmo fundamental, entendermos que todos aqueles que são médiuns mais ostensivos, isto é, manifestam sinais de mediunidade mais evidentes, não são mais do que os outros. Não são super-heróis. Não possuem capacidades fora do normal e sobretudo, não são especiais ou diferentes. Também não são doentes, nem uns maluquinhos quaisquer.

Somente desenvolveram as suas capacidades de percepção do plano espiritual e com isso são e têm obrigação de ser, instrumentos úteis aos desígnios de Bem. São somente ferramentas, que devem de ser utilizadas para o Bem e nada mais.

Um exemplo que me parece importante transmitir-vos, é o facto de todo o ser humano ter um desejo íntimo de saber um pouco mais sobre o seu futuro, sobre o que será o seu amanhã.
Por isso recorrem a videntes, cartomantes, bruxos, etc… a todo um conjunto de médiuns, pseudo-médiuns, outros que se julgam médiuns e acham que são donos do conhecimento do mundo e se permitem dizer aos outros tudo o que lhes vêm à cabeça.
É um erro, meus amigos. Um grande erro.

Pois é preciso ter consciência sobre o que para nós, representa futuro. É que o futuro é mutável, é sempre alterável a qualquer momento por cada um de nós. Cada um de nós, por aquilo que pensa e faz no seu presente, muda e altera o seu futuro. Qualquer coisa que alguém nos possa dizer sobre o nosso futuro mais ou menos próximo, possui uma margem de erro muito grande, pois a qualquer momento podemos modifica-lo pelo nosso momento presente. 

É verdade que existem coisas que já foram definidas nas nossas vidas quando nascemos para uma nova existência, já sabemos inconscientemente o que seremos, que doenças teremos e como iremos morrer, só para dar alguns exemplos. Mas tudo o resto só depende de nós, só depende de cada um de nós. A nossa vida é um livro com páginas em branco, nas quais escrevemos todos os dias mais um capítulo da nossa existência.
Mas tal como os livros, a nossa vida tem um princípio e tem um fim, mas o que lá escrevemos só depende de nós próprios.

Por isso é importante perceberem que ao médium, é dada a responsabilidade de transmitir às pessoas conselhos ou mensagens que lhes sejam úteis e sempre com boas intenções, com amor e vontade de auxiliar.
Ao médium só chega as informações que os espíritos lhes querem transmitir, tudo o resto é invenção e imaginação.
Não se julgue que os médiuns são oráculos e funcionam como bolas de cristal. É mentira. Se assim fosse, haveria muitos deuses encarnados…

Cada um só sabe o que pode, deve e precisa de saber. Nada mais.

Aos médiuns, é preciso terem consciência que a razão da sua felicidade está directamente proporcional ao bem que fizerem ao próximo e a si mesmos. E essa será sempre função da Lei da Causa-Efeito.
É por isso que mesmo que aconteça um médium saber algo íntimo sobre alguém, nem sempre isso deve de ser transmitido à pessoa. Só o deverá de ser, se isso lhe for realmente útil e se nenhum prejuízo lhe trouxer. De outra forma, estar-se á a prejudicar o próximo e isso de certeza não faz parte daquilo que Deus quer de nós todos.

Seja-se médium ostensivo ou não, nunca podemos esquecer o poder que as palavras exercem sobre as pessoas. As palavras tanto podem ajudar, como podem destruir. Muitas vezes as palavras são mais mortíferas do que as armas.

Por isso, sendo o médium um instrumento que transmite mensagens do plano espiritual, usando as palavras, exige-se-lhe muito cuidado e responsabilidade no seu uso. E se alguém souber algo mais sobre o outro que não deva ou consiga dizer-lhe directamente, é importante que seja suficientemente inteligente e arranje outras formas de transmitir as mensagens sem trazer prejuízo, porque se teve acesso a essa informação, é porque ela será útil a quem se destina.

Gosto muito de relembrar-me do filme feito sobre a vida de Chico Xavier, em que manifestamente se consegue aprender muito sobre a vida de um homem muito simples, com uma mediunidade ostensiva bem desenvolvida e que fazia um uso muito cuidado das palavras que transmitia.
Chico Xavier, auxiliando por bons espíritos, sabia muita coisa a respeito da vida das pessoas que a ele se socorriam. Mas Chico sempre usou de muita responsabilidade e nunca trouxe prejuízo a quem lhe pediu ajuda, nem tão pouco se aproveitou o que quer que fosse da benesse que Deus lhe concedeu em ser o porta-voz na Terra das mensagens de Deus, que lhe eram transmitidas através dos espíritos benfeitores.

Ser médium, é ouvir-se a si próprio. É conhecer-se melhor e ter consciência de si mesmo primeiro e só depois dos outros.

É ouvir as palavras transmitidas pelo coração e pela vontade de fazer o bem, para ajudar o próximo e também a si mesmo.


E nunca nos podemos esquecer que cada um colherá aquilo que semeou, seja ele médium mais ou menos ostensivo.

Que cada um plante as melhores sementes possíveis na sementeira da sua vida, para que todos os dias se possa ir colhendo bons frutos.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Psicologia e Espiritualidade

Na palestra de hoje, vou falar-vos um pouco de psicologia e de espiritualidade.

Sei que é bom, ouvirmos palestras motivadoras, reconfortantes, mensagens que nos transportam para os domínios do Bem e do Amor. Palestras que nos fazem pensar e reflectir um pouco sobre a nossa vida, a nossa forma de pensar e ver as coisas à nossa volta. Precisamos de ter força e coragem e muitas são as vezes encontramos isso mesmo nas palavras, mas sobretudo nas acções.

Mas é importante ir ao fundo das coisas, sabem. É importante percebermos que temos a obrigação de adquirir conhecimento, seja ele científico ou moral. Temos de nos convencer que estamos no mundo para aprender e só evoluímos adquirindo conhecimento. Por isso, não devemos de perder nunca a oportunidade de aprender uma coisa mais, por muito pequena que seja.

Todos nós, no nosso dia-a-dia, estamos constantemente a interagir uns com os outros e connosco próprios. Digo isto, porque de certeza que vocês tal como eu, às vezes andamos quase em guerra interiormente.

Os processos de interacção com os outros, enquadram-se naquilo que se chama de Relacionamento interpessoal. São as diferentes formas que agimos uns com os outros.
Depois também existe o relacionamento intrapessoal, isto é, o conhecimento que temos de nós mesmos.

Todo o relacionamento está directamente ligado ao que fazemos, fruto do que sentimos, baseado no que sabemos. Por isso ressalvo a necessidade do saber, para podermos pensar e fazer boas coisas.

Há mais de 2000 anos atrás, o general Sun Tzu, um estratega militar e filósofo chinês, fez a seguinte afirmação:

“Se você conhecer o inimigo e conhecer-se a si mesmo, não precisa temer resultado de cem batalhas. Se você se conhecer, mas não conhecer o inimigo, por cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhecer o inimigo nem a si próprio, perderá todas as batalhas.”

Esta frase, parecendo um pouco complicada (vêm de um filósofo chinês!), é bem o reflexo da importância e relevância da necessidade não só de conhecermos os outros, como também de nos conhecermos a nós mesmos.

As pessoas ao longo do tempo vão fazendo as coisas muitas vezes porque sim, porque foram ensinadas assim ou porque simplesmente acham que devem, de ser feitas daquela forma. E será que não haverá outras formas de fazer as coisas, sejam elas quais forem?
Tenhamos a noção que nós somos animais de hábitos e não gostamos muito de mudanças. Ou pelo menos tentamos minimizar as mudanças nas nossas vidas, tudo porque uma mudança obriga-nos a sair da nossa zona de conforto.

É por isso que vos digo que é muito importante o autoconhecimento. É muito importante aprender a conhecermo-nos a nós próprios, pois dessa forma conseguiremos relacionarmo-nos melhor com os outros à nossa volta.
Ao sabermos relacionamo-nos melhor, aumentamos as possibilidades de sermos melhor aceites entre os nossos pares e, no fundo, de nos sentirmos mais felizes interiormente, também. Ao conhecermo-nos melhor, tomamos consciência das nossas capacidades e limitações.

Aqui entra a psicologia, que é o estudo dos fenómenos psíquicos e do comportamento do ser humano através da análise das suas emoções, ideias, valores e atitudes resultantes. O estudo da psicologia desempenha um papel fundamental nas nossas existências, pois ajuda-nos a compreender a nossa identidade humana.
Somos seres pensantes, com inteligência que está muito para lá da inteligência básica dos animais, pois esse vivem conforme as orientações instintivas da sua espécie e segundo as condições de sobrevivência no meio onde se encontram.
No fundo, todos sem excepção, possuímos em nós o instinto básico de sobrevivência e por isso pensamos e agimos também em função dele.

Deus, ao dar-nos estas maravilhosas capacidades associadas à inteligência, faz de nós seres com um potencial de crescimento e evolução que poucos mais seres possuem no reino animal ou vegetal. Os animais demoram milhões de anos a evoluírem de um estado para o outro. Nós, Homens também demorámos milhões de anos a evoluir para chegarmos ao ponto em que nos encontramos hoje. Mas a grande diferença entre nós, Homens e demais seres, é que a nossa Alma tem um propósito bem definido: evoluir até à perfeição.

Vai demorar tempo, podem pensar. Mas é uma verdade.

Mas sejamos humildes e realistas, já avançámos muito na evolução, basta olhar para trás algumas centenas de anos e vivíamos de forma muito diferente do que temos possibilidade de viver hoje.
Actualmente, temos a perfeita consciência do nosso papel no mundo. Sabemos o que estamos aqui a fazer enquanto seres encarnados e sabemos quais as tarefas a desempenhar para prosseguirmos no caminho da nossa evolução.

Mas infelizmente, ainda muitos não fazem a mínima ideia de qual a sua missão ou papel nesta vida. Andam quase perpetuamente à deriva…

É verdade que a humanidade perdeu-se muito ao longo dos tempos, ao longo da sua história. A humanidade foi perdendo a sua espiritualidade

E quando falo de espiritualidade, não me refiro a Deus, pois ninguém é obrigado a acreditar em Deus ou em qualquer outro Deus, pouco importa o nome que se lhe dê. Ninguém é obrigado a seguir um credo ou religião. O Homem pode e consegue evoluir sem esses meios. E para isso só precisam de fazer uma única coisa:

“Amar o próximo como a si mesmo”

Acham que é preciso mais do que isto?

Um dos maiores problemas da humanidade foi o apego em demasia à Materialidade, aos bens fúteis e perecíveis. O homem foi-se esquecendo de perceber a sua existência multidimensional, isto é, somos mais do que a carne que dá forma ao nosso corpo. Temos uma alma.

O Homem sem alma, não existe e a inteligência está na alma, ou no espírito.

A psicologia e a espiritualidade, são duas dimensões importantíssimas na nossa construção como seres vivos pensantes e precisamos da psicologia e da espiritualidade para nos conhecermos melhor.

Precisamos se entender que somos por fora, aquilo que pensamos e sentimos por dentro. Isto é a psicologia.

Precisamos de saber que somos por fora, aquilo que a nossa alma é cá dentro. Isto é a nossa espiritualidade.
  
Aqui, falamos muito de espiritualidade. Mas debruçarmo-nos um pouco mais sobre a psicologia humana é importante.

É importante percebermos os outros, ouvir os outros, sentir os sentimentos dos outros. Aprendemos muito quando ouvimos. Todos talvez tenhamos tendência para falar mais do que ouvir. Isto acontece muitas vezes porque é um meio de defesa próprio de cada um, pois queremos ser notados, ouvidos, procuramos o consenso dos outros com as nossas ideias e ideais.

E neste ponto vos dou um simples conselho: Não importa naquilo em que acreditam, por muito bom que sejam as vossas crenças, nunca as imponham a ninguém. É um erro.

Nos meus inícios, à medida que ia aprendendo e estudando, fui percebendo que este caminho de amor era bom para mim.
Por isso sempre que podia tentava transmitir aos outros os meus conhecimentos, às vezes quase forçando-os a aceitar contra vontade as minhas ideias e ideais a respeito da doutrina.

Com o tempo percebi que era um erro. Falhou-me as bases da psicologia, isto é, não estava a tentar perceber os outros, mas sim conduzi-los no meu caminho.
Mas cada um tem o seu próprio caminho. E demais, quem sou eu para dizer a alguém que isto ou aquilo é que é bom para ela?

Todos temos tendência a fazer isso. Porquê?

Porque somos como os bêbados, nunca queremos ser os únicos.

É por isto, que debruçando-me mais sobre as questões da psicologia (que é uma área que sempre gostei muito), simplesmente deixei de fazer o que fazia. Hoje falo as coisas com quem realmente quer saber ou aprender. Não me preocupo em mudar as ideias dos outros, não me preocupo com o caminho que os outros levam, não me preocupo tanto com aquilo que os outros fazem ou dizem. Porquê?

Porque somos seres únicos. Porque cada um tem de fazer o seu próprio caminho. Porque podemos ajudar os outros, temos a obrigação de o fazer, mas não podemos sofrer as suas dores. Cada um tem de sofrer as suas próprias dores, pois se elas existem são fruto das acções de cada um ou então, os chamamentos do Alto para que se pense e reflicta na vida.
Uma das maiores lições que aprendi, foi a de ouvir mais e falar menos.

Podem achar estranho ou descabido. Mas sempre gostei muito de falar e por isso acho que falava mais do que ouvia. Com o tempo percebi que perdia muita informação valiosa.

Às vezes ouvia este ditado popular:

“Deus deu-nos dois ouvidos e uma boca. É para ouvir duas vezes mais do que falamos”

A psicologia assenta nisto, para compreender é preciso escutar, ouvir com a mente e com o coração. Assim se aprende muito… acreditem.

Nós podemos ajudar muito os outros de maneiras tão simples que talvez nem nos apercebemos. Para muitos ajudar é dar ou doar coisas. Mas na verdade ajudar é muito mais do que isso.

Ser um bom psicólogo de si mesmo, é tornar-se um bom psicólogo para os outros.

Mas compreender-se a si mesmo, é uma tarefa nem sempre fácil, pois eu posso saber e ter consciência que tenho este ou aquele defeito. Mas se não fizer nada para me modificar, de que me serve o conhecimento?

Tal como se diz aqui muitas vezes; o verdadeiro espírita é aquele que se esforça por melhorar-se interiormente e exteriormente.

E para isso é preciso aprender e por o conhecimento em prática.
A psicologia é fundamental, tal como o é a espiritualidade. Pois somos seres pensantes com alma.

Allan Kardec disse-nos um dia o seguinte:

“Possuímos em nós mesmos pelo pensamento e a vontade, um poder de acção que se estende muito além dos limites da nossa esfera corpórea”

No fundo, a mensagem é muito simples.

Aprendamos tudo o que for de bom e o coloquemos em prática. Pois isso será os frutos que nos levarão à felicidade, hoje e amanhã.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Observai o céu

A palestra de hoje é um convite a observarmos, nem que seja por breves momentos, o céu. Muitas vezes precisamos de parar um pouco as nossas vidas atribuladas e vividas a grandes velocidades, para olhar à nossa volta, absorvermos o que a vida tem para nós, mas sobretudo observarmos o céu.

“Não acumuleis para vós tesouros na Terra, onde a ferrugem e as traças os consomem, e onde os ladrões os desenterram e roubam. Fazei os vossos tesouros no céu, onde nem a ferrugem nem as traças os consomem, e nem os ladrões os desenterram e roubam.
Porque onde está o vosso tesouro, está o vosso coração.
Eis porque vos digo: não vos inquieteis para saber onde achareis do que comer para o sustento da vossa vida, nem onde achareis vestimentas para cobrir o vosso corpo.

A vida não é mais do que o alimento, e o corpo mais do que a vestimenta?

Observai os pássaros do céu; eles não semeiam, não ceifam, não fazem provisões nos celeiros, e, contudo, vosso Pai celeste os alimenta.

Porventura não sois muito mais do que eles?

E quem é aquele de entre vós que pode, por mais que se afadigue, aumentar de um côvado (equivalente a uma medida de 66 cm) a sua altura?

Porque vós vos inquietais também com a vestimenta?

Observai como crescem os lírios do campo; não trabalham nem fiam, entretanto eu vos declaro que nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu com um deles. Se Deus tem o cuidado de vestir dessa maneira uma erva do campo, que hoje existe e que amanhã será lançada ao forno, quanto mais cuidado terá em vos vestir, homens de pouca fé?

Não vos inquieteis, portanto, dizendo:

Que comeremos?
Que beberemos?
Com que vestiremos?

Assim fazem os pagãos, que procuram todas as coisas. Vosso Pai sabe que tendes necessidade delas.


Procurai pois, primeiramente o reino de Deus e a sua justiça e todas essas coisas virão por acréscimo. Eis porque não deveis de vos inquietar pelo amanhã, visto que o amanhã se ocupará do bem-estar de si mesmo. A cada dia basta o seu mal.”

Este é um trecho que encontramos no evangelho de S. Mateus, cujas palavras atribuídas ao nosso irmão Jesus, refletem bem as inquietações do Homem ao longo dos tempos.

Na verdade, quem não pensa nestas coisas, nem que seja por breves momentos?

Então, nos tempos tão difíceis que atravessamos atualmente, quem não pensa no seu íntimo, nas dificuldades do não ter o que faz falta?

É bem verdade que somos Homens de pouca fé. Por muito que queiramos acreditar no contrário, acabamos todos, ou pelo menos uma grande maioria, a questionar as nossas vidas no hoje e no amanhã. Esse amanhã tão desconhecido aos nossos olhos.
Muitos temem pelo amanhã. Eu penso no meu amanhã.

Acabamos por questionar o nosso modo de viver e a sorte com que a vida nos tem bafejado ao longo do tempo. Sentimo-nos umas vítimas…

Deus criou o Homem nu. Um exemplo disso é o momento do nosso nascimento, acordamos para este mundo completamente nus. E quando os nossos olhos se abrem, tudo é demasiado grande e estranho para compreendermos. Somente o calor e o amor das nossas mães nos aquecem, tanto o corpo como a alma. Somente o Amor das nossas mães nos acalmam. Serão naqueles momentos e em tantos outros ao longo das nossas vidas. Como alguém dizia um dia: Mãe há só uma.

À medida que crescemos, Deus proporciona-nos tudo o que vamos precisando para viver. Seja pela inteligência ou pelo Amor, vamos conseguindo trilhar o nosso caminho evolutivo até um dia voltarmos a fechar os olhos para este mundo terreno.

Aceitamos a existência de Deus, conhecemo-lo pelas suas obras, pelo seu amor por nós.

E se sabemos que Deus nos ama e nunca nos desproveria fosse de Amor ou do que mais necessitamos materialmente, porque tememos nós tanto?
Porque tememos nós tanto o vazio da pobreza material?

Porque duvidamos tanto do Amor e grandeza do Pai celeste tem por cada um de nós ao ponto de o renegarmos por vezes?

A reposta é relativamente simples, pois vivemos num mundo, ou melhor em sociedades completamente viciadas no consumismo materialista. Valorizamos mais o TER, o possuir, do que o SER. E por isso, como todos temos uma veia muito especial no que diz respeito ao julgamento rápido através dos juízos de valor, que fazemos uns dos outros, acabamos por nós próprios cairmos no mundo do sofrimento e da desgraça interior.

Muitos lutam para serem ricos, não para viverem verdadeiramente felizes.

O pobre sente-se reduzido perante o rico. Porque o rico se julga um ser superior, por possuir mais do que o pobre. Mas será mesmo assim na verdade?

Quando a vida nos corre de feição, agradecemos a Deus (quando nos lembramos disso!).

E quando as coisas correm mal, porque pensamos que Deus nos castiga e nos quer mal?

Já numa palestra passada, contei a história de um homem que agradecia tudo a Deus, fosse o bem ou o mal que lhe aparecia durante os seus dias.
Este homem acreditava, e tinha boas razões para isso, que fosse o bem ou o mal, Deus estava sempre a contribuir para o seu engrandecimento interior e havia sempre um motivo muito proveitoso para ele atrás de cada acontecimento.

Isto faz-me lembrar uma frase que ouvi que dizia algo deste género:

“As coincidências não existem, são somente as diferentes formas que Deus utiliza para nos ajudar e não ter que dar muitas explicações”

Nunca nada acontece por acaso nas nossas vidas.

O problema é que quando nada nos falta, não nos lembramos de Deus.

Temos de aprender a valorizar os momentos e as pessoas que aparecem nas nossas vidas, pois acreditem que nunca ninguém aparece nas nossas vidas por nada.
Temos sempre algo a aprender com esse encontro.

Convido-os a observarem o céu em pensamento. O que vêem?

A imensidão do azul celeste. Por detrás estende-se um horizonte infinito de estrelas, planetas, constelações, etc… Tudo obra do Pai.

Somos realmente pequeninos nisto tudo. Mas Deus fez-nos seres inteligentes, pensantes e com sentimentos. Deu-nos um coração.

Deus deu-nos um modelo a seguir: o seu filho primogénito Jesus.

E Jesus deixou-nos profundos ensinamentos.

Quando se sentirem tristes, aborrecidos, arreliados com a vida: observai o céu.

Pensem que lá estão os nossos irmãos de amor que também como nós passaram por muitas dificuldades e hoje vivem felizes mais perto do Pai.

Pensem nos pássaros que cruzam o céu em liberdade, livres das correntes terrenas criadas pelo materialismo e por todo o conjunto de defeitos com que nos vamos vestindo ao longo da vida.
Observai os pássaros que não têm nada mais do que a sua existência e a sua prol, e que Deus alimenta todos os dias. Que Deus ajuda a aconchegar nos seus ninhos onde quer que sejam construídos.

Acham que os pássaros se preocupam com o dia de amanhã?

Na minha opinião limitam-se a viver o dia de hoje. Amanhã será na vontade de Deus.

Nós também deveríamos de aprender a viver assim. Sofreríamos muito menos.

João na sua 1ª carta, ensina-nos que “Se alguém disser: Eu amo a Deus, mas tiver ódio ao seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.”

Com estas palavras, faço uma reflexão própria sobre o amor que temos uns pelos outros.


Eu posso observar o céu. Desejar ser como o pássaro livre e feliz, mas como poderei lá chegar se com os pés na terra não consigo amar o próximo nem a mim mesmo?

Jesus disse um dia que “Ninguém põe remendo de pano novo em vestido velho”

Isto significa que temos de mudar. Mudar de comportamento, de atitude e sobretudo de renovação da fé em Deus.

Se cada dia mudarmos um pouco, chegaremos lá mais rapidamente.

Muito importante será relembrar que a nossa missão de renovação interior passa pela prática da caridade face aos nossos irmãos mais necessitados.

Caridade não é dar dinheiro, é dar de si mesmo. É dar amor, compreensão.

É dar um abraço no silêncio das palavras, mas com os gritos de alegria do coração.

Olhemos para o nosso lado e quando virmos alguém triste, que façamos algo para lhe alegrar o seu dia.

Eu posso estar mal, mas haverá sempre alguém pior do que eu e por isso tenho sempre mais uma possibilidade de ser útil e ajudar um irmão.

A tristeza é sempre um sentimento dividido, mas a alegria será sempre um sentimento multiplicado. Façamos alguém feliz, pois a nossa felicidade se seguirá.

Observemos o céu e olhemos para Deus com o coração. Pois é lá que Ele está e lá estará sempre connosco.

Termino com uma frase proferida pelo espírito Emmanuel:


“Pensa em Deus, refugia-te em Deus, espera por Deus e confia em Deus, porquanto, ainda mesmo quando te suponhas a sós, em meio de tribulações incontáveis, Deus está connosco e com Deus venceremos.